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Ansiedade inofensiva

Uma das coisas que me fazem falta diante da baixa frequência de apresentações do SeuZé é uma ansiedade controlada/sensação diferente que costumo sentir em dias de show, sobretudo em dias de sábado. A iminência do show traz uma percepção diferente sobre o dia. É um certo estado de suspensão/marasmo em que as coisas ao redor parecem mais leves e desimportantes, sendo meras coadjuvantes para o momento mais importante do dia, mais tarde, quando chega a hora de subir ao palco. Lembro de uma vez em que Anderson Foca se referiu aos dias de shows com as suas bandas como dias sagrados. Gosto dessa definição.

Escrevo sobre isso porque justamente hoje tenho experimentado essas sensações, mas com a Banda Café. Daqui a uma hora e meia faremos o nosso Especial Beatles, no Agaricus, em Petrópolis. Desde que acordei venho pensando sobre o show que faremos mais tarde e projetando como será a noite. Acolhendo e tentando entender esse sentimento, penso que uma definição possível seria a de ansiedade inofensiva.

Essas sensações não costumam vir nos dias de apresentações da Banda Café. Acredito que isso se explica pelo fato de termos nos apresentado semanalmente de maneira quase ininterrupta ao longo de 20 anos de carreira. Penso que essa recorrência de apresentações dá um caráter de ofício à música que fazemos. Aliado a isso, há também o fato de o tipo de apresentação que fazemos na maior parte das vezes se situar num limbo entre show e música ao vivo. Ainda que a apresentação de hoje vá acontecer num restaurante e tenhamos que tocar de uma forma que o público presente possa conversar enquanto tocamos, a participação da Banda Café foi divulgada mais como show. Também acho que pesa bastante o show ser o “Especial Beatles”, que fizemos poucas vezes como um momento específico, a despeito de termos várias músicas do quarteto mais famoso de Liverpool diluídas no repertório das nossas apresentações mais corriqueiras.

Por mais dias de ansiedade inofensiva.

Hoje começará mais uma temporada de shows da @Banda Café no 294. Todas as sextas, pontualmente às 20h30.

Hoje começa mais uma temporada da Banda Café, no Bar 294. Pontualmente às 20h.

Dia 09 de janeiro tem SeuZé e Hazamat, no Ateliê. Festa massa com os chapas paraibanos lançando um segundo disco lindo.

Mais informações no link abaixo.

Há algumas semanas gravei duas músicas para um projeto da Caçamba Imagens

Hoje saiu o primeiro vídeo. “Amor à Milanesa”, canção que está no disco de estreia do Forasteiro Só.

Valeu pelo convite, Diogo Martins e Clóvis Neto. =)

Pra mim Nelson Cavaquinho foi um dos grandes da música brasileira. Sou louco por várias músicas dele, mas a minha preferida é “Luz Negra”.

A convite do grande Rodolfo Rodrigues gravei uma versão minha para essa pérola do cancioneiro nacional.

O vídeo saiu ontem pelo Elefante Sessions.

Aperte o play!

Amigos da música que estão com dificuldades pra encontrar o edital de seleção (a remunerada) para os shows do Natal em Natal, segue o link: www.blogdafuncarte.com.br/festival-…

Não poderei inscrever nem o SeuZé, nem o Forasteiro Só, porque o edital não permite funcionários da prefeitura. Exigem CNPJ, mas recomendo fortemente a quem quer concorrer em editais ou convocatórias públicas que tire um MEI. O processo é descomplicado e as taxas são baixas.

O SeuZé por mim

Uma das coisas mais complicadas de se fazer numa banda, com certeza é um release legal. É uma tarefa muito difícil conseguir passar, o mais parcial e sintético possível, o que é o grupo. Eu sempre tomei a iniciativa de fazer os releases das bandas em que toquei e nunca consegui ir além de um elogio de si mesmo, enqüanto banda.

Decidi comprar o desafio e escrevi o novo release oficial do SeuZé. O resultado está o mais factual, sintético e parcial que consegui.

Essa vai ser a primeira leitura que os produtores e mídia de fora terão da banda quando começarmos a enviar o CD para as outras regiões. Espero que gostem.

RELEASE
Antes de qualquer coisa o SeuZé é uma banda que toca música sem se preocupar com a amplitude de significações e abrangência de estilos que o nome música sugere. Se para alguns a diversidade musical pode implicar em falta de identidade ou personalidade, para os Zés a lógica é outra. E não poderia ser diferente. Ora, como esperar que quatro indivíduos com gostos e referências musicais completamente diferentes produzam um som uniforme que possa ser tachado ou enjaulado em determinado segmento?

É assim, na contramão do que geralmente ocorre com grupos em início de carreira – formados pelas afinidades – que, desde 2003 o SeuZé, originado em Natal, vem construindo um trabalho sólido a partir das diferenças dos seus músicos. A banda tem a consciência de que em arte não existe originalidade, no máximo pioneirismo. Tudo é referência, reinvenção. É nesse sentido que o grupo não teme assumir a influência que sofre de artistas que, por mais que aparentem não estar em sintonia ou contemporaneidade, se encontram na perpendicular do bom gosto.

O primeiro CD do grupo, Festival do Desconcerto, lançado pelo selo potiguar Mudernage Diskos, aponta para esse caminho: mais o assumir de diferenças e influências do que um projeto utópico de originalidade. No primeiro trabalho do SeuZé pode-se constatar, sem muito esforço, a ironia de um Noel Rosa ou Mutantes, a indignação de Chico Buarque e Radiohead, a melodia de Caetano Veloso e Los Hermanos, o peso do Sepultura e do Muse, a cadência de Luiz Gonzaga, B. B. King e Chico Science, ou ainda, e por que não, o imaginário de Stanley Kubrick.

Lipe Tavares, FeLL, Augusto Souza e Xandi Rocha vêm, nesses três anos de carreira, conseguindo firmar o SeuZé como um dos nomes mais representativos da atual música independente nordestina. Fato é que o grupo tem sido alvo de matérias da mídia especializada de diversos estados do Brasil. A participação da banda, no ano de 2005, em alguns dos mais importantes festivais do país, como a Feira da Música (CE) e o TIM MADA (RN), atesta o bom momento. Também são prova do reconhecimento que os Zés têm conseguido, as 8 indicações, que receberam, em 2004 e 2005, a uma das mais importantes cerimônias musicais do Nordeste, o Prêmio Hangar de Música.

A máxima do SeuZé é, sem dúvidas, a de fazer música sem se preocupar se ela vai se chamar samba, xote, rock, tango ou vai ser simplesmente anônima. Se ela tiver o apelido de bom gosto e soar doce aos ouvidos e se mostrar inteligente aos olhos, é c’est fini, fim de papo.

Discografia

  • SeuZé (Demo). 2003. Independente.
  • Coletânea Bronzeador Virtual (CD-R/Coletânea virtual). 2004. DoSol Records.
  • Realidade Não Tão Paralela (EP). 2004. DoSol Records
  • Coletânea Virtual Papa – Jerimum/Tim Mada 2005 (CD-R/Coletânea virtual). 2005. Rock Potiguar.
  • Festival do Desconcerto (CD). 2005. Mudernage Records.