Música
- Enquanto me aprontava para ir à escola, dava play num VHS com o registro de um show do Asa de Águia que gravei a partir de uma transmissão da Band Natal.
- Já no carro, no caminho para o Salesiano, ouvia uma fita do Acústico Nirvana.
- BR Instrumental - Discos de música instrumental brasileira.
- Brazilian Nuggets - Blog dedicado à pouco conhecida psicodelia brasileira. Álbuns raros dos anos 60 e 70.
- BR Music For All - Álbuns raros ou pouco difundidos no Brasil.
- Acesso Raro - Discos raros em LP e CD.
- A lista dos convocados para a Copa do Mundo me satisfez. Só faria apenas duas alterações: tiraria Ricardinho, dando chance a Alex e colocaria Junior no lugar de Gilberto, para ser o reserva de Roberto Carlos na lateral esquerda.
- O Discoteca Básica é, com certeza, um dos melhores sites de música do país. Lá, Ricardo Schott resenha discos dos mais variados artistas e segmentos. Com um rico conhecimento de bastidores e estórias da música, Ricardo dá uma aula a cada post. Só para constar, Schott esteve em Natal no ano passado cobrindo o Festival DoSol. Eu já devia ter indicado esse site antes mas nunca me lembrava.
- Os meus planos de a qualquer momento me mudar para São Paulo com a banda podem ficar menos concretos depois do novo ataque do PCC. O negócio está tão brabo que as empresas de ônibus acabaram de anunciar que não haverá frota para amanhã. Imagina o caos que será uma cidade com 20 milhões de habitantes sem um ônibus sequer nas ruas.
- Tom Yorke, vocalista do Radiohead, vai lançar um disco solo em julho desse ano. Ótima notícia! Ainda esse ano deve sair o novo álbum da banda, fato que desmente – pelo menos à primeira vista – os boatos em torno do provável fim da banda com a investida de Yorke em trabalho solo.
- Se tudo correr como programado, ainda esse ano estarei seguindo os passos do carinha do Radiohead. Gravarei um disco só com canções minhas que penso não se encaixarem no trabalho do SeuZé. Se é cedo para isso, não sei. O fato é que não quero deixar de fazê-lo enquanto tenho condições. Qualquer novidade, com certeza trarei para cá.
- Jenny Wren, canção do último álbum de Paul McCartney, é uma das mais belas que ouvi em minha vida. Se tiver como, ouça essa música.
- Sugestões musicais: God Only Knows (Beach Boys), Jenny Wren (Paul McCartney), Itacimirim (A Cor do Som).
Ouvindo música com Nina
Ao longo das últimas semanas tenho ouvido bastante música pop, sobretudo Kate Perry, Miles Cyrus, Lady Gaga e Taylor Swift. A despeito de eu gostar genuinamente de algumas músicas das artistas mencionadas - é o caso de Flowers - as escolhas têm sido de Nina, que cada vez mais tem desenvolvido um gosto por ouvir música deliberadamente.
A maneira como ela pergunta, tão logo entra no carro, “posso colocar música?”, me remete automaticamente a quando eu começava a desenvolver o meu próprio gosto musical. Pelos idos de 1993 ou 1994 eu tinha um ritual matinal que contava com a boa vontade dos meus pais e consistia em 2 passos que se repetiram à exaustão ao longo de alguns bons meses.
A cada vez que o cansaço pela repetição me deixa prestes a pedir para ela escolher outras músicas, lembro da maneira paciente com que a minhas obsessões da época foram acolhidas por painho e mainha.
Um adendo: em alguns dias eu e Nina combinamos de cada um escolher uma música ou um disco e irmos nos revezando. Nessas, sem pressão e de maneira relativamente espontânea, ela acaba escolhendo um álbum que conheceu através do que eu botei para tocar. Foi o caso de Another One, de Mac Demarco.
Mais ouvidas em 2023
Estatísticas geradas pelo rewind.musicorumapp.com a partir de dados do Last.fm
Apesar de interagir pouco nas redes sociais, gosto de acompanhar em silêncio alguns virais que revelam alguns dos hábitos de pessoas que sigo e por quem me interesso. Exemplo disso são as retrospectivas musicais das plataformas de streaming, que acontecem anualmente, no final de novembro.
A cada ano mais pessoas têm demonstrado uma postura reativa a essas interações sob o argumento de que esses recaps não são mais que uma estratégia de marketing dos serviços de streaming para atrair e fidelizar usuários. Nunca duvidei disso, mas as minhas maiores ressalvas em relação a essas retrospectivas, são os fatos de ignorarem o mês de dezembro e trazerem dados resumidos quando comparados ao que serviços como Last.fm fazem.
Esperei pelo último play de 2023 e até voltar da viagem de férias para mais uma vez compartilhar o resumo do que ouvi no ano passado.
Colagem com a capa dos 100 discos mais ouvidos em 2023
Desde 2016 venho listando aqui no blog as minhas estatísticas de músicas e discos ouvidos. Os anos anteriores ficaram assim: 2022, 2021, 2020, 2019, 2018, 2017, 2016
Todos as estatísticas anuais estão reunidas aqui
Zé Ibarra na Sede Cultural DoSol
fotos por Márcia Marinho
Ontem fui mais uma vez à Sede Cultural DoSol, dessa vez para assistir ao show solo de Zé Ibarra.
Toquei com a Banda Café em uma festa fechada no sábado à noite e no domingo pela manhã tive um ensaio com o SeuZé. Como resultado, passei o dia inteiro sonolento e indisposto, o que me levou a cogitar seriamente deixar de ir ao show para o qual já tinha ingressos. Enquanto hesitava, pensava que essa era uma apresentação que eu não poderia perder, visto que o artista em questão é alguém que tem um potencial enorme para virar um grande nome da música brasileira, certamente ocupando algum espaço na tradição da MPB, e essa oportunidade de vê-lo em um espaço intimista como o novo palco do DoSol, certamente vai ser difícil de se repertir novamente. Com um empurrão de Márcia, acabei indo.
Conheci Zé Ibarra através da Dônica, seu primeiro projeto, e passei a acompanhá-lo desde então, tanto no trabalho com o Bala Desejo, quanto nessa encarnação solo.
A base do repertório do show foi o disco recém-lançado, o Marquês 256, com outras releituras não contidas no álbum - e Lua Comanche, lançada com o Bala Desejo. Eu já tinha sido impactado pela técnica, tessitura e beleza do timbre vocal de Zé Ibarra, sobretudo ao assistir performances mais improvisadas em lives no Instagram, além dos próprios registros em disco pelos seus projetos, mas a impressão de ouvi-lo ao vivo, nesse formato voz em violão, foi muito mais marcante. Ibarra alia um domínio da voz e uma execução primorosa do violão como poucos o fazem na música brasileira atual. Contribuíram para isso, tanto a operação de som de Bráulio, técnico que tem viajado com o músico carioca nessa turnê, além da própria estrura de som da charmosa sala do DoSol, que mais uma vez se provou bem dimensionada e pensada para o espaço.
Quem acompanhou o Bala Desejo, projeto composto pelo próprio Ibarra, Júlia MestreDora Morelenbaum e Lucas Nunes, desde o início, ficou clara a inspiração da banda nos Doces Bárbaros. Da opção por figurinos andróginos, à apresentação despojada/acústica em forma de quarteto, muita coisa ali remetia ao grupo formado por Gal, Bethânia, Caetano e Gil no meio dos anos 1970. Essa reverência ao santíssimo quarteto baiano continua no trabalho solo de Zé, seja pela escolha do repertório de covers que, com exceção de Bethânia, contempla a todos os outros, seja quando, no show de ontem, Zé Ibarra declarou se inspirar diretamente em Gal ao lançar mão de registros agudos em seus arranjos vocais.
Mas o leque de referências do músico carioca vai bem além. Um aspecto relevante do show e também do disco de Ibarra, é o papel de apresentar a uma nova geração de ouvintes artistas sobre os quais atualmente se fala muito pouco e cujas músicas provavelmente só chegam a ouvidos um pouco mais curiosos que a média. Foi uma grata surpresa testemunhar boa parte do público presente estar com as letras de canções de canções de Paulo Diniz e Guilherme Lamonier - Vou-Me Embora e Vai Atrás da Vida que Ela te Espera - na ponta da língua. Há cerca de duas décadas os Los Hermanos fizeram algo semelhante ao resgatar e reapresentar uma parte da obra de Belchior. É um movimento que acontece na música brasileira de tempos em tempos, mas poucos artistas o fazem com tanta intencionalidade e sem fechar os olhos para os seus colegas de geração. Ao mesmo tempo em que segue esse caminho de diálogo com o passado da música brasileira, questionando e ressignificando a tradição da MPB, Zé também deixa espaço para apresentar os seus contemporâneos de composição e criação musical. Os repertórios do show e disco reservam espaço para canções de compositoras mais novas como Sofia Chablau e a já citada Dora Morenlenbau.
Valeu demais a ida ao DoSol para testemunhar pessoalmente esse show de início de carreira de um nome com potencial para alcançar patamares de mais prestígio e reconhecimento na música brasileira.
No ano passado escrevi sobre o papel do bom gosto no bloqueio criativo que acomete compositores, escritores e outros. Estar diante de um artista como Zé Ibarra, certamente é um gatilho para a sensação de “para quê continuar compondo e cantando se tudo o que pode ser criado já está ali muito mais bem feito do que eu posso fazer?” A resposta a essa pergunta já tinha sido dada naquele mesmo dia, mais cedo.
No ensaio mencionado no início do texto o SeuZé voltou a trabalhar, em estúdido, em novas composições após cerca de 10 anos e foi uma sensação muito boa ver as canções tomando forma e fazerem ressurgir aquele sentimento de que estamos trabalhando em algo que pode significar algo para quem nos ouve, bem como voltar a colocar o trabalho da banda - e os nossos individuais enquanto músicos e compositores - em movimento. Ainda vejo sentido em continuar compondo, gravando e fazendo shows.
General Junkie e as minhas primeiras composições em perspectiva
Capa do, até hoje, único disco do General Junkie
Recentemente estive ouvindo o clássico disco homônimo do General Junkie. Venho convivendo com esse álbum desde o seu lançamento, em 2002, mas o distanciamento tem me feito perceber algumas nuances até então ignoradas.
Apesar de lançado no início da primeira década dos anos 2000, o disco reuniu músicas que foram compostas ao longo dos anos 1990 e que carregavam marcas fortes daquele tempo, sobretudo no que diz respeito à mistura de ritmos e linguagens, tão próprias daquela década. Daí a comparação reiterada pela crítica musical local, do General com as bandas pernambucanas expoentes do Manguebeat, creio eu que sobretudo como consequência da proximidade dos natalenses com o Eddie, que chegou inclusive a gravar O Amargo", composição de Gustavo Lamartine.
Contudo, considerando as óbvias diferenças estéticas, acredito que é possível situar as composições do General Junkie num movimento (espontâneo e sem manifesto) nacional mais amplo da música independente brasileira daquele período, que se se permitia ir além de algumas convenções estéticas tão caras aos anos 1980, e que colocaria a banda potiguar na mesma linha evolutiva da música brasileira que também abrigaria nomes como os cariocas Acabou La Tequila e Mulheres que Dizem Sim.
O General Junkie foi muito competente em dialogar com aquela tendência que acontecia na música brasileira da época, partindo do local, assumindo o sotaque natalense, e no caso das músicas registradas no disco, captando o que acontecia fora do Brasil, especialmente a rítmica do Rage Against The Machine e a abordagem guitarrística de Tom Morello, conscientemente assimiladas pela banda, como Anderson Foca revelou no livro DoSol: 10 anos de música, e mais recentemente, no podcast que o DoSol lançou para celebrar os 20 anos de atividades enquanto combo cultural.
O fato é que Gustavo, Paulo e Marcelo lidaram com esse caldeirão de referências e chegaram a um disco cheio de personalidade e, mais importante, sem soar pastiche. Algo que eu certamente não consegui fazer com o República 5, a primeira banda em que toquei, nem com as primeiras composições que escrevi para o SeuZé.
O República 5 começou no final de 1999 e durou até o início de 2003, quando o SeuZé foi formado. Pelo menos entre o meu círculo de convivência, nesse período ainda era bastante forte o rescaldo cultural vindo dos anos 1990.
Quando escrevi as minhas primeiras músicas, acho que em 1998 ou 1999, eu e alguns amigos do Salesiano de Natal ouvíamos muito Nirvana, Engenheiros do Hawaii e Paralamas. Assim esses meus primeiros esforços de composição remetiam a essas bandas e de certa forma eram canções mais ortodoxas no sentido de serem mais diretas e não sugerirem misturas entre gêneros e ritmos. Em algumas dessas primeiras produções eu escrevia letra e música, mas era bem comum à época eu musicar letras de alguns colegas da escola, principalmente de Carlos Henrique com quem estudei até o terminarmos o Ensino Médio, em 2000.
Uma dessas parcerias deu origem à canção Quem Somos Nós, que originalmente foi pensada como um rock mais direto, bem na fonte dos Engenheiros, mas que quando trabalhada em ensaios pelo República 5, acabou ganhando uma pegada mais reggae, em grande parte por sugestão de Carlinhos, baterista da banda. Quem Somos Nós chegou a ser registrada numa demo que a minha primeira banda gravou no Estúdio Cantus, capitaneado por Helder Lima, à época baterista do Cantus do Mangue, banda de reggae seminal natalense. Essa gravação provavelmente foi feita em 2001 ou 2002, em dois canais. Posteriormente seria mixada por Rufino, um conhecido, numa sala do CEFET-RN.
O que me lembro de “Quem Somos Nós”, uma das minhas primeiras composições, em parceria com o amigo Carlos Henrique. Destaque para os trocadilhos gessingerianos
Carlinhos, que além de baterista do República, era meu vizinho, era bastante curioso e tinha uma pegada de ouvir música com ouvido de pesquisador. Lembro que mais ou menos nessa época, num dia em que estávamos voltando da saudosa Velvet Discos para Lagoa Nova, bairro em que morávamos, ele me falou algo como:
Para quem tem banda, um disco é como um livro
De fato, boa parte da tendência que desenvolvi nesses primeiros anos de bandas, de pensar em arranjos sempre considerando a possibilidade de misturar ritmos e linguagens, veio através de Carlinhos. Foi ele quem me apresentou os discos de Chico Science, o Guentando a ôia - do Mundo Livre - e mais a frente, em 2002, o Alugam-se Asas Para o Carnaval, do Jorge Cabeleira. Esse último exerceu um forte impacto em mim e influenciou decisivamente a estética que as primeiras composições do SeuZé seguiram, baseada numa mistura de rock, blues e baião.
Acontece que a leitura que fiz de todas essas e bandas e discos foi, em alguma medida, ingênua e literal, como um Sérgio Leone sem intencionalidade e ironia. Ainda gosto de algumas ideias do Festival do Desconcerto, do SeuZé, sobretudo considerando que só pudemos contar com um produtor experiente na mixagem do disco. Mas comparando hoje com o disco do General Junkie, o de estreia do SeuZé me soa ligeiramente pastiche e apressado no trato com as referências. E ao refletir sobre isso não o faço em tom de lamento, arrependimento ou juízo de valor, mas como uma observação que só o distanciamento temporal pode produzir.
Mais ouvidas em 2022
Estatísticas geradas pelo rewind.musicorumapp.com, a partir de dados do [Last.fm]
Uma dos virais de Instagram de que mais gosto é quando todos passam a postar a suas estatísticas de músicas ouvidas geradas pelo Spotify, Apple Music e afins. Acontece que no afã de ter engajamento antes das festas de fim de ano, esses serviços costumam limitar os dados anuais até fins de novembro. Para pessoas que como eu vêem diversão e têm uma pequena obsessão com a precisão desses números, esse limite incomoda.
Desde pelo menos 2020 voltei a usar mais assiduamente o saudoso Last.fm e tenho me divertido bastante explorando a quantidade de dados que o serviço gera. E o mais legal: não apenas a cada dezembro, mas ao longo de cada ano é possível ter acesso a estatísticas parciais do que se ouviu. Abaixo um resumo das minhas estatísticas para 2022.
Alguns álbuns que aparecem como descobertos em 2022, na verdade já tinham sido ouvidos em anos anteriores, mas à época eu não usava o Last.fm e os plays não foram enviados. Foi o caso do disco dos Bonnies
Resumindo as estatísticas: como em 2021 e 2020, Jorge Drexler esteve sempre presente nas minhas audições. Tinta Y Tiempo foi realmente o meu álbum favorito de 2022. As gratas surpresas foram Bala Desejo - cujos integrantes eu já acompanhava em seus outros projetos - e Moons. Algumas entradas que aparecem nos meus rankings são meio que ossos do ofício. Foi o caso de Shiny Happy People, do REM, que eu ouvi bastante pois a música entrou no repertório da Banda Café. Fiquei obcecado por “Água”, de Djavan, após ouví-la numa versão de Mônica Salmaso e Vanessa Moreno. Linda canção, que este que escreve ainda não foi capaz de executar bem ao violão.
Tem sido bacana brincar com essas nerdices sobre os meus hábitos de escuta musical. Mais para a frente pretendo escrever um post em que explicarei quais aplicativos, configurações e equipamentos eu utilizo para ouvir música.
Desde 2016 venho listando aqui no blog as minhas estatísticas de músicas e discos ouvidos. Os anos anteriores ficaram assim: 2021, 2020, 2019, 2018, 2017 e 2016 e 2004.
Todos as estatísticas anuais estão reunidas aqui.
Sobre a falta de informações técnicas nos serviços de streaming
Hoje me considero bastante adaptado aos serviços de streaming como principal plataforma para ouvir música. Ainda que por puro fetichismo e apego sentimental eu ainda guarde alguns poucos CDs, e há pouco mais de 10 anos tenha ensaiado voltar a recorrer a LPs, realmente desapeguei das mídias físicas.
Mesmo assim sinto falta de um aspecto que costumava integrar os encartes dos discos, tanto digitais quanto analógicos: a ficha técnica das gravações.
Se à medida que fui formando o meu gosto musical, as letras contidas nos álbuns me eram indispensáveis, os créditos dos envolvidos na produção dos discos foram cada vez mais me interessando, sobretudo ao passo que eu começava a dar os meus primeiros passos na composição e na produção musical. Desde o Festival do Desconcerto, lançado em 2005 pelo SeuZé, faço questão de registrar e divulgar cada mínimo detalhe da produção dos discos em que estou envolvido: quem tocou cada instrumento em cada faixa, por exemplo.
Detalhe da ficha técnica do disco A Comédia Humana, lançado pelo SeuZé, em 2010.
Salvo um eventual saudosismo por discos de vinil ou vontades repentinas de ter toda a discografia de Caetano em CDs, estou bastante acostumado e satisfeito com a praticidade e custo-benefício do Spotify e Apple Music, serviços entre os quais costumo revezar. Outro aspecto que me prende ainda mais aos streamings de música é a integração com o Last.fm, essa maravilha da Internet que resiste bravamente, e que me permite praticar a obsessão em metrificar o que ouço ao longo do tempo. É como ter acesso à função “mais ouvidos” que o Spotify disponibiliza em dezembro, a qualquer momento e sem se restringir ao filtro do último ano.
Faixas e discos mais ouvidos por esse que escreve, nos últimos 180 dias, segundo o Last.fm
Entretanto, realmente sinto falta de que os serviços de streaming de música sejam mais ativos em solicitar essas informações das empresas que distribuem as obras dos artistas em suas plataformas. E não falo apenas do detalhamento dos intérpretes e instrumentistas que atuaram em determinado single ou disco, mas também de dados sobre os responsáveis pela gravação, mixagem e masterização de cada fonograma. Gostaria muito de poder fazer com a música que ouço, o que já faço a um tempo com os livros e filmes que consumo.
O Letterboxd, por exemplo, espécie de rede social dedicada ao cinema e serviço de compartilhamento de críticas sobre filmes, organiza o seu catálogo de uma forma que todos os envolvidos na produção de uma película têm os seus nomes clicáveis no aplicativo, com a possibilidade de se ver tudo em que já trabalharam. Dessa forma, ao assistir um filme específico cujos trabalhos de direção ou direção de fotografia me chamaram a atenção, por exemplo, posso facilmente acessar a filmografia dessas pessoas e descobrir com relativa facilidade como continuar explorando as suas obras.
Na falta de funcionalidades semelhantes no Spotify e similares, ou mesmo de aplicativos dedicados para esse fim, alguns livros acabam cumprindo essa função para mim.
Recentemente li Lado C: a trajetória de Caetano Veloso até a reinvenção com a bandaCê e foi através do excelente trabalho de pesquisa de Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, que tive informações organizadas para explorar a carreira de Pedro Sá - que acompanhou Caetano como guitarrista e produtor nos discos Cê, Zii & Zie e Abraçaço.
O site Discos do Brasil é uma excelente iniciativa nesse sentido, mas depois de me acostumar com as funcionalidades do Letterboxd, faz muito sentido para mim poder acessar essas informações de créditos dos fonogramas diretamente no serviço de streaming que uso.
Aguardo ansioso para poder explorar, de forma descomplicada e com obsessão, as discografias - não apenas de compositores e intérpretes - mas também de técnicos de mixagem, masterização e produtores musicais.
Mais ouvidas em 2021
*Estatísticas geradas pelo rewind.musicorumapp.com, a partir de dados do [Last.fm].
Nina mais uma vez moldando o meu ranking, vide o tema de Gravity Falls. Por outro lado, esse Now United aí tem dedo meu: Nobody Like Us esteve no meu repeat deliberadamente. =P
Já Billie Eilish entra na minha conta mesmo. Que disco da porra é o When We All Fall Asleep, Where Do We Go?!
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Todos as estatísticas anuais estão reunidas aqui.
Mais ouvidas em 2020
Em 2020 Jorge Drexler monopolizou as minhas audições. Cheguei ao disco Salvavidas de Hielo após ver o show do uruguaio no Tiny Desk Concert da NPR, e não ouvi outra coisa por muito tempo. Também gostei bastante da trilha de The Eddy, que teve alguns episódios dirigidos por Damien Chazelle e redescobri o V, do Legião Urbana.
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Mais ouvidas em 2019
O show de Los Hermanos em João Pessoa, em abril desse ano, me fez revisitar a discografia da banda. O Bloco do Eu Sozinho continua como vinho, e com exceção de Tão Sozinho que parecem sobra do disco de estreia, é um trabalho atemporal.
Também gostei demais do disco solo de Teago Oliveira, do Maglore. Destaque para a pedrada Corações em Fúrias.
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Mais ouvidas em 2017
A tentação de culpar Nina pelos resultados inesperados, é grande. Mas pode botar “De Nada” e “Se enamora” na minha conta.
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Mais ouvidas em 2016
Sem dúvidas as maiores descobertas musicais desse ano foram o Friendly Fire, de Sean Lennon, [A Mulher do Fim do Mundo](open.spotify.com/album/0I3… de Elza Soares e [Maravilhas da Vida Moderna](open.spotify.com/album/2Rd… do Dingo Bells.
Daqui pra frente, anualmente, pretendo fazer esse levantamento das mais ouvidas aqui no blog. As estatísticas estarão reunidas nessa página.
Discos como atalhos
Entre 2008 e 2010 estive envolvido no meu mestrado em História. Na pesquisa que eu desenvolvi, tentei entender as mudanças na relações sociais decorrentes da introdução dos primeiros aparelhos reprodutores de música (fonógrafos e gramofones), no Rio de Janeiro, na primeiras décadas do Século XX. A fase em que eu tive mais dificuldade de concentração e foco foi durante a revisão bibliográfica. Eu precisava fazer leituras e tomar notas de praticamente tudo o que já havia sido escrito sobre a minha temática. O volume de leituras que já era grande, tornava-se enorme quando se juntava aos textos das disciplinas que eu estava cursando.
Diante da sobrecarga, cheguei perto de cair na tentação de me apropriar das ideias de comentadores. Explico. Não parecia muito mais cômodo e pratico do que ler tudo o que Mário de Andrade escreveu sobre música, repetir o que outros autores já concluíram sobre o modernista? Alguns chamam isso de plágio, outros de atalho intelectual. Resisti por pouco.
Lembrei dessa situação quando estava ouvindo hoje um compositor norueguês não muito conhecido no Brasil: Sondre Lerche. Conheci o escandinavo há uns 10 anos, a partir da indicação do amigo Ricardo Vilar. À época, acompanhávamos alguns blogs de download de música e costumávamos compartilhar com o outro o que achávamos interessante. A partir de então, passei a acompanhar tudo o que o músico lançou.
Depois de alguns meses sem fazer, ouvi novamente o disco “Two Way Monologue”, que junto de “Duper Sessions“, integra o meu top 2 do compositor.
Engraçado como a cada audição um disco nos revela coisas diferentes. Hoje, constatei que o Two Way Monologue é uma espécie de atalho musical, por conter referências bem digeridas a muita coisa boa da música pop anglo-americana dos anos 1960 para cá. Lá você encontra ecos de Beach Boys (arranjos de cordas e vocais que remetem ao Pet Sounds), Beatles, Dylan, tudo numa roupagem moderna e sem soar pastiche.
Essa é uma das grandes habilidades de composição e arranjo que eu ainda estou perseguindo: processar bem as referências e apresentar algo diferente a partir delas.
Ao longo dessa semana - a de debute desse blog - venho trabalhando numa parceria com Ticiano D’amore, que desde os primeiros esboços tem elementos de Bossa Nova, tanto na harmonia, quanto na rítmica. Estou satisfeito demais com a letra que Ticiano iniciou e com a melodia que estamos construindo, mas ainda não consegui pensar numa estrutura que fuja do clichê de bossa.
Vou deixar o disco do Sondre Lerche no meu player de música mais algum tempo para ver encontro o atalho certo.
Ficou curioso sobre o álbum que comentei? Compartilho agora:
Downloads para todos
Há alguns meses venho relutando contra a lerdeza do eMule e a instabilidade do Soulseek. Para a minha sorte, tenho baixado muita coisa legal por outros meios.
Há cerca de um mês recebi um convite para participar de uma comunidade excelente de troca de arquivos por meio de torrents (clique aqui) se não souber sobre o que estou falando), o Brasil Share. Na página da comunidade você encontra apenas os links que apontam para os arquivos que estão nos computadores dos usuários. A política de transferência que eles adotam é bem interessante e justa. Para continuar no grupo, os integrantes têm que compartilhar pelo menos a mesma quantidade que baixaram. Se você baixou dois filmes que juntos somam 2 GB, terá que compartilhar os mesmos 2 GB. Já peguei muita coisa boa. Nas últimas duas semanas baixei a 1ª temporada completa de ROMA (série recentemente exibida pela HBO) e os 5 primeiros episódios de Star Wars, além de alguns episódios de Lost. O único porém é que os cadastros só podem ser feitos por membros da comunidade. Se tiver algum conhecido com convite disponível, implore por um que vale à pena.
De tão empolgado com as possibilidades que o Brasil Share oferece, diminuí um pouco o ritmo de downloads de músicas. Mas, com a descoberta dos blogs de MP3, suponho estar voltando à mania de colecionar discografias completas de artistas com os quais me identifico.
A partir do momento em que as grandes gravadoras se valeram de recursos jurídicos para tentar conter os prejuízos causados com a difusão dos arquivos MP3s e similares, proibindo o funcionamento de sistemas como o Napster, uma ótima solução para quem não quer se privar das benesses dos downloads de músicas, são os blogs de MP3. Os usuários desses blogs aproveitam os serviços gratuitos de armazenamento de arquivos como o Mega Upload e o Radid Share, transformam em MP3 os seu antigos e raros LP’s – em alguns casos CD’s – e postam em suas páginas os links para o bem-bom.
Seguem abaixo alguns links para bons blogs de MP3 que já encontrei:
Aproveite!
Apelo às notinhas
Um dos grandes problemas com o qual sempre tive que lidar para manter os meus blogs é o fato de eu ter uma dificuldade enorme de síntese. Não me contento em escrever poucas linhas sobre determinado assunto, sabendo que poderia ir além não fossem as circunstâncias de sempre, tais quais falta de tempo e preguiça. Na maioria das vezes ocorre de eu abandonar projetos de posts pela metade. Portanto, sempre que me aparecerem fatos que mereçam destaque aqui no blog, mas não necessitem de um texto muito extenso, estarei me valendo do velho artifício das notinhas. Aí vão as primeiras. Espero que funcione.
Putas novas
Depois de um recesso para definir o meu futuro acadêmico, o Cabaret está reabrindo.
Antes de mostrar as novas putas e postar as idéias e percepções recentes, aí vai um upload do cafetão.
História
Estava nos meus planos concluir o curso ainda em 2005, mas deixei algumas leituras para muito perto do prazo final e a minha monografia não ficaria do jeito que eu quero. Assim, somente no meio de 2006 estarei entregando o meu trabalho de conclusão. A boa é que já me livrei das aulas. Só piso na UFRN para orientação, para pegar algum livro ou para conversar miolo de pote na cantina do setor II.
Não me recordo se já havia comentado em algum dos meus finados blogs sobre o fato de eu ter diminuído drasticamente a minha carga de leitura após entrar no curso de História, o que, à primeira vista, é meio estranho. Coincidência ou não, exatamente na iminência de receber o canudo e estar completamente desligado da universidade, estou bem empolgado com algumas leituras que tenho feito.
Música
Nos últimos meses tenho me envolvido muito com os meus projetos musicais.
O SeuZé está caminhando bem e a repercussão do primeiro CD está sendo muito bacana. Em breve começaremos a divulgação em massa fora do Rio Grande do Norte. Estamos trabalhando em canções novas que estarão nos shows em breve. Só voltaremos ao palco em 2006. Confira a agenda em www.seuze.net.
Há uns três meses, voltei para a Experiência Ápyus, banda da qual havia me desligado por compromissos – não honrados – com a UFRN. De lá para cá fizemos poucas apresentações, já que estamos mais concentrados e empolgados com a gravação do segundo trabalho. O projeto é bem ousado para uma banda independente. Estamos gravando um disco duplo e fazendo um vídeo release a partir de imagens capturadas nas sessões de gravação.
Também estou ensaiando com um projeto que em breve estará tocando blues de diversos períodos e artistas nos pubs de Natal. A banda é composta por músicos que são conhecidos pelos seus trabalhos com outras bandas. Segue a formação: Glay Anderson (Moby Dick) no vocal, Felipe Rebouças (Os Grogs) na guitarra, Cleo Lima (Revolver) na guitarra e voz, Lipe Tavares (SeuZé/Experiência Ápyus) no baixo e voz e Roosevelt (Boca de Sino) na bateria. O lançamento do projeto será na primeira metade de janeiro de 2006, no Budda Pub.
O Cabaret de Luxo não tem promoções de fim de ano, mas as putas são novas e o serviço está de volta. Aumente o volume do tango, tire a roupa e volte sempre.
Mais ouvidas em 2004
RETROSPECTIVA MUSICAL 2004
Vamos tentar resumir o que as minhas orelhas possantes melhor captaram nesse ano que se encerra.
Top 10 álbuns (CD’s e LP’s).
The Beatles (White Album) – The Beatles. (LP) Durante muito tempo o famoso disco branco dos Beatles foi literalmente branco para mim. O vinil está na minha casa desde os anos 80, mas só em 2004 fui descobrir o seu real valor. Pelo fato de ser um disco duplo, a cada dia me apaixono por uma música nova. Hoje não parei de ouvir Rocky Racoon. Acho que todo ser vivo deveria ter esse álbum em sua discografia básica.
The Queen is Dead – The Smiths. (MP3)
Não lembro de ter ouvido a banda antes desse ano. Meu primeiro contato com o The Smiths se deu numa festa no setor II da UFRN, a festa da vitrola. Entre vinis de Chico Buarque, Beatles e Geraldo Vandré, os da banda inglesa me chamaram a atenção. Baixei todo o álbum The Queen is Dead pela internet e me identifiquei muito com o som do grupo. Hoje em dia, no release do SeuZé, cito o som do The Smiths como uma das minhas influências.
Madredeus – Antologia. (CD)
Conheci Madredeus há uns 5 anos, meio que por acaso. Fui deixar um tio no aeroporto e quando voltava no carro dele, encontrei o CD Antologia no meio de uma pilha de tantos outros. Pouco depois consegui achar para vender em uma loja, hoje extinta, no Natal Shopping. Somente nesse ano que se encerra pude entender melhor a música dessa execelente banda portuguesa liderada pela linda Teresa Salgueiro. A mistura de fado com arranjos de música clássica é muito linda. Sugiro as canções O Tejo e Haja o que Houver
Tropicália ou Panis et Circencis. (LP) Sem dúvidas um dos discos mais importantes da minha vida. Acho que nunca estive tão “preparado” para ouvir um álbum como foi com o manifesto do Tropicalismo. Antes de iniciar a audição, li biografias dos principais integrantes, além de um ótimo livro sobre o movimento. Quando ouvi as primeiras canções, sabia os porquês de ela estarem ali. Costumo dizer que esse vinil teve um dos melhores “Lado A” da história da música. As 6 músicas são simplesmente fenomenais. Pude comprovar também a genialidade dos arranjos de Rogério Duprat, o maestro que arranjava as músicas da maioria dos tropicalistas, sobretudo os Mutantes. Sinto-me obrigado a indicar o disco inteiro ao invés de uma ou duas canções.
Secos & Molhados – 73/74 – Série Dois Momentos. (CD) Este CD que ganhei do meu amigo Hommer está entre os melhores presentes que recebi no ano. Os dois primeiros álbuns dos Secos & Molhados estão compilados em um único disco. O áudio foi remixado e remasterizado por Charles Gavin, dos Titãs. Inclusive outros discos clássicos como os primeiros do Barão Vermelho, podem ser encontrados nessa coleção. Além de um som bem inteligível o trabalho gráfico também compensa a aquisição. A arte dos encartes originais foi rediagramada para o CD.
Hail to the Thief – Radiohead. (CD) Radiohead está sem dúvidas naquela seleta lista de bandas que eu faço questão de comprar tudo que vir, se estiver com grana na hora. Antes de pegar o disco eu já havia lido algumas resenhas. Quando finalmente comprei, pude constatar que estava diante de mais uma obra de arte da trupe do sir Tom York. O abuso de experimentalismo dos anteriores Kid A e Amnesiac parece mais contido. A presença de guitarras, apesar de não remeter ao Pablo Honey e ao The Bends, está mais evidente. Destaco as canções Sail to the Moon, I Will, There There e Sit Down, Stand Up.
Room of Fire – The Strokes. (CD) Apesar de não ser tão bom quanto o disco de estréia Is This It, Room of Fire é trabalho acima da média e fez a banda nova-iorquina passar no teste do segundo disco. Cada vez que ouço The Strokes me surpreendo com a qualidade dos arranjos do guitarrista Nick Valensi. Indico as canções Reptilia e The End Has no End.
Quem Viver Chorará – Fagner. (LP) Para quem pensa que Fagner sempre foi limitado a músicas piegas com temáticas que não iam além de dor de cotovelo, está muito enganado. O cearense tem um trabalho conceitual e músicas extremamente originais. Os arranjos de cordas desse disco, assinados pelo próprio Fagner e pelo guitarrista Robertinho de Recife, são excelentes. Os discos dos músicos nordestinos que foram produzidos até o começo dos anos 80 são todos muito bem arranjados e esse álbum é uma prova disso. Para se iniciar na parte mais desconhecida do trabalho de Fagner, sugiro: Revelação (apesar de ser composição de Clodo e Clésio) e Conflito.
Saltimbancos Trapalhões (trilha sonora do filme) – Chico Buarque, Sérgio Bardotti e L. Enquiquez Bacalov. (LP) Essa obra-prima foi adquirida por mim meio que sem querer. Em algum dia do 1º semestre desse ano, saí ao Centro e ao Alecrim destinado a comprar alguns vinis. Eu tinha saído de casa alertado sobre um bom sebo que existia no bairro da feira da 9. Parecia que todas as pessoas que tentavam me explicar onde ficava o tal sebo, acabavam por me levar para mais longe. Parei numa banca para tomar uma água quando percebi que apesar de não ser o lugar que eu procurava, ali era um sebo de vinis. A primeira visão que tive foi a capa desse LP. Comprei só por curiosidade e acertei em cheio. Até então, eu nunca havia parado para observar a qualidade das canções infantis, bem como dos seus arranjos. Destaco as canções Meu Caro Barão e Todos Juntos. Só para constar, Chico Buarque assina as composições e canta grande parte delas.
Collection – Nat King Cole. (CD) Esse foi o último a entrar nessa lista. Esse CD está em minha casa há cerca de 8 anos e sempre passou despercebido. Há algumas semanas, quando então eu me encontrava em atividade furtiva no quarto dos meus pais, entre outros, achei esse ótimo trabalho. Nesse álbum, Cole interpreta 30 canções em espanhol. Pela natureza dos arranjos e letras, parecem que as composições são em sua maioria mexicanas. É engraçado atentar para o sotaque carregado do cara, um espanhol cantado com forte pitada de inglês do sul dos EUA. Mas não é o bastante para abonar o produto final.
2004: O ANO MAIS MUSICAL DA MINHA VIDA
No final de 2003, quando finalmente pude fazer um balanço anual por meio de auto-reflexão e em seguida comecei a traçar meus planos e principais objetivos para 2004, decidi que iria tentar me esforçar para me dedicar à universidade e conter um pouco os meus impulsos musicais. Pobre ilusão. Com o calendário maluco da UFRN, até fevereiro desse ano eu ainda estava tendo aulas. Intencionalmente, mas sem muitas dificuldades, comecei a fugir do proposto anteriormente.
Por outro lado, também sem que eu deliberasse nada, aos poucos a música foi roubando a cena e se tornando a minha maior prioridade. Nesse ano que está se encerrando eu finalmente consegui aceitar a música como o meu meio de vida, como a única atividade que eu consigo fazer sem reclamar e sem enrolar. Dois mil e quatro vai ficar marcado para sempre por ter sido o ano em que decidi que irei viver da minha música, seja como for. Nesse ano que está se acabando eu me iniciei em novos projetos e experiências interessantes. Vou tentar listar as principais:
Seu Zé Batalhamos bastante para que a banda se consolidasse como uma das mais ativas e comentadas do estado. O ritmo de apresentações foi muito bom. Tivemos ótimas experiências em estúdio com a gravação do nosso primeiro álbum. E talvez o mais importante tenha sido o fato de eu ter me desenvolvido muito como compositor. Definitivamente esse foi o ano que mais compus, com qualidade.
Experiência Ápyus Quando vi no blog de Marlos um anúncio de procura por músicos para acompanhá-lo em sua banda, respondi prontamente. Já conhecia o trabalho do cara desde o Brigitte Beréu e sabia que fazer parte dessa banda seria importantíssimo para o meu enriquecimento musical. De fato foi o que aconteceu. A mistura de ritmos que a banda propõe exige de nós músicos uma musicalidade considerável, além de termos que estar ouvindo coisas de estilos extremamente distintos.
Trilhas Uma coisa que eu queria já ter feito há muito tempo mas não tivera oportunidade antes: compor trilhas para teatro ou curtas-metragens. Quando recebi o convite, aceitei de primeira, mesmo sem saber se conseguiria dar conta. Paulo, diretor do curta em questão me encomendou uma canção que de alguma maneira evidenciasse sentimentos de tristeza e melancolia. Compus a música Vila Solidão. Se você quiser ouvi-la mande-me um e-mail que envio.
Free-lance Foi nesse ano também que iniciei meus trabalhos como músico free-lancer. Dentre as experiências as que mais me tocaram, cito um Tributo a Jackson do Pandeiro e um projeto de blues intitulado Babylon Blues.
Espero que em 2005 esse meu contato com a música se estreite mais ainda e que eu consiga sempre mais espaço e reconhecimento em meus projetos. Pelo menos lutarei por isso.
Boas festas.
Constatações dos últimos dias
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tanley Kubrick foi mesmo um diretor diferenciado, para não dizer o melhor.</strong
No início desse ano decidi assistir filmes com uma metodologia. Procurei fazer, no meu lidar com o cinema, o mesmo que costumo fazer ao ouvir música.
Quando cedi definitivamente aos benefícios da música digital e à possibilidade de conseguir discografias completas do mesmo artista sem desembolsar um vintém para tal, criei o hábito de só fazer o download de uma música se puder também baixar o restante do disco. Assim consigo situar a canção num contexto e não ouço de uma maneira alheia à idéia que os artistas se propõem a passar com os álbuns. Pelo menos penso que é assim.
Por analogia, decidi que faria o mesmo com o cinema. Não assistiria só um filme, mas toda a filmografia dos diretores que mais me chamam a atenção. Foi assim que pude constatar de maneira prática a genialidade de Stanley Kubrick. Não é papo de fã incondicional. Todos os seus filmes são acima da média mesmo estando longe de serem conceituais. Não é nada fácil situar qualquer de suas obras em um único gênero. “O Iluminado” é somente um suspense? “2001, Uma Odisséia no Espaço” e “Inteligência Artificial” são somente filmes de ficção?
Há duas semanas atrás consegui finalmente assistir a “Barry Lindon”. Era o que faltava para eu acreditar de uma vez por todas que Kubrick foi o diretor com o maior número de filmes excepcionais.
Antes de começar a ver a filmografia completa de outro diretor (Quentin Tarantino ou Francis Ford Coppola), vou rever todos os filmes de Kubrick, agora em ordem de produção.
Ter um home studio está entre os meus objetivos para o próximo ano.
A possibilidade de registrar as minhas canções na minha própria casa com uma qualidade apresentável sempre me seduziu. Desde que percebi que podia gravar o som do meu violão desafinado através do microfone do PC, me aventuro por essas praias.
Entretanto, os limites que o meu computador impõe não me permitem ir muito longe. Ora, uma máquina com 64 MB de memória RAM, processador de 500 MHz e HD de 20 GB pedindo arrego, em dezembro de 2004, é uma vergonha tecnológica.
Anteontem fui à casa de Marlos Ápyus para gravar o baixo da pré-produção do 2° disco da Experiência Ápyus. Foi mesmo uma experiência interessante. Em pouco mais de uma hora e meia, sem muita burocracia, concluímos o trabalho. O resultado está disponível para download em: [www.apyus.com/demo](http://www.apyus.com/demo). Saí de lá satisfeitíssimo e com muita vontade de ter um bom PC com uma placar de som legal. Se eu continuar no estágio ou com alguma fonte de renda fixa, no próximo ano pretendo fazer um upgrade no meu computador.
The Beatles é realmente a maior banda de todos os tempos.
Acho que toda pessoa, em algum momento da sua vida morre de paixão pelos Beatles. Seja uma canção, um disco ou apenas os lindos rostos do “fab four” no início de carreira.
Desde o ano passado, quando redescobri os vinis, estou tendo um maior contato com a música da banda. Tenho ouvido exaustivamente todos os álbuns e constatei que o impressionante é a quantidade de músicas excepcionais por álbum. No momento estou apaixonado pelo disco branco. Conhecido pelo público geral como “White Álbum”, na verdade o disco se chama “The Beatles”. Motivo: o conflito de ego entre os integrantes chegou a um ponto que não houve consenso nem para o nome nem para a arte da capa do álbum. O produtor foi categórico. Decidiu que o álbum se chamaria “The Beatles” e teria a capa completamente branca. Inclusive o caráter duplo do disco também foi resultante do conflito de ego entre os caras. Todos queriam que as suas canções entrassem no setlist. A solução foi gravar um duplo.