Paternidade

    Ouvindo música com Nina

    Ao longo das últimas semanas tenho ouvido bastante música pop, sobretudo Kate Perry, Miles Cyrus, Lady Gaga e Taylor Swift. A despeito de eu gostar genuinamente de algumas músicas das artistas mencionadas - é o caso de Flowers - as escolhas têm sido de Nina, que cada vez mais tem desenvolvido um gosto por ouvir música deliberadamente.

    A maneira como ela pergunta, tão logo entra no carro, “posso colocar música?”, me remete automaticamente a quando eu começava a desenvolver o meu próprio gosto musical. Pelos idos de 1993 ou 1994 eu tinha um ritual matinal que contava com a boa vontade dos meus pais e consistia em 2 passos que se repetiram à exaustão ao longo de alguns bons meses.

    1. Enquanto me aprontava para ir à escola, dava play num VHS com o registro de um show do Asa de Águia que gravei a partir de uma transmissão da Band Natal.
    2. Já no carro, no caminho para o Salesiano, ouvia uma fita do Acústico Nirvana.

    A cada vez que o cansaço pela repetição me deixa prestes a pedir para ela escolher outras músicas, lembro da maneira paciente com que a minhas obsessões da época foram acolhidas por painho e mainha.

    Um adendo: em alguns dias eu e Nina combinamos de cada um escolher uma música ou um disco e irmos nos revezando. Nessas, sem pressão e de maneira relativamente espontânea, ela acaba escolhendo um álbum que conheceu através do que eu botei para tocar. Foi o caso de Another One, de Mac Demarco.

    Paternidade em tempos de YouTube

    No dia em que Nina nasceu recorri ao YouTube para aprender como segurar um recém-nascido e trocar fraldas. Dois anos depois fiz o mesmo para conseguir desembaraçar o seu cabelo.

    Não há, porém, YouTube que me treine para pôr touca de natação de maneira aceitável.

    Carimbo

    Tento pegar um remédio para Nina na Farmácia Popular e atendente nega. Motivo: a médica havia carimbado apenas uma das duas vias da receita. 2018 e o carimbo continua umas das invenções mais estranhas da humanidade.

    Mário Prata já tinha cantado essa bola.

    Ir ao cinema na província

    Ontem, feriado dos Mártires de Cunhaú e Uruaçú, fui ao cinema com Nina e Márcia. Estávamos pensando em algo para entreter a pequena e numa rápida pesquisa na programação de filmes da cidade, vi que o Lego Ninjago seria uma boa opção

    Rapidamente trocamos de roupa e rumamos para o Cinemark do Midway.

    Ainda não tinha visto nenhuma animação baseada no universo do brinquedo mais famoso da Dinamarca e fiquei bastante surpreso com a qualidade da produção. Detrator confesso do 3D no cinema, achei que as três dimensões couberam bem ao desenho. Fiquei curioso para ver outros desenhos da franquia.

    Mais uma vez, constatei que passar muito tempo nos espaços públicos natalenses trazem o risco de sermos expostos a absurda ausência de civilidade que impera na província. Seja no trânsito, filas de banco ou estádios de futebol. Todo dia algo para lamentar.

    Ontem, uma senhora que sentava atrás de mim e , ao que indica, estava com os netos, entretia uma das crianças que acompanhava com algum conteúdo que explodia em sons e luzes de um telefone celular.

    O mais lamentável da situação é que a senhora parecia convicta de não estar fazendo nada de errado. Após ouvir chiados que imperavam silêncio, chegou a dizer que só desligaria o telefone, para evitar ter que brigar.

    A minha formação me impele a relativizar a situação, considerando que a mal educada em questão vem de outro tempo, teve outra educação e não é totalmente culpada da falta de senso coletivo. Sem ironia, até concordo com esse abrandamento. O que dói é constatar que em Natal a a confusão do público com o privado e a falta de civilidade não são questões generacionais e que a minha Ninoca provavelmente ainda viverá numa cidade em que o egoísmo e o pensamento pequeno ainda estarão em voga.

    Da primeira vez, a gente nunca lembra


    Fã diante da obra

    Levei Nina para a sua primeira experiência no cinema. Uma reunião de episódios da Galinha Pintadinha.

    A forte impressão que ela teve diante da potência sonora e do tamanho da tela quase resultou em assombração, mas logo foi contornada com Pipoca Bokus e chocolate.

    Durante praticamente toda a sessão a sala de exibição foi exclusiva nossa. Somente passada quase uma hora de exibição, outra criança apareceu acompanhada dos pais.