Recentemente assisti a Amor Platônico, na Apple TV+. A série se desenvolve a partir da amizade entre Sylvia (Rose Byrne) e Will (Seth Rogen). A despeito de diálogos previsíveis e sem muita criatividade em alguns momentos, a produção me prendeu pela forma como brinca com a expectativa em torno do imininente relacionamento amoroso entre as duas personagens principais.

Premissa semelhante aparece em Amanhã, Amanhã e Ainda Outro Amanhã (Tomorrow, Tomorrow and Tomorrow), livro de Gabrielle Zevin que terminei de ler ontem e tem me mantido extasiado. Chamo atenção para a semelhança com a premissa de Amor Platônico, mas a quebra de expectativa pelo romance que não acontece nem me parece a principal questão abordada na obra. Relacionamentos abusivos, mulher e trabalho, inclusão de pessoas com deficiência e preconceito étnico-racial são temáticas enfocadas pela autora, tendo como eixo principal uma história que gira em torno de videogames: Sam e Sadie, protagonistas da história se conhecem e tornam-se amigos a partir de uma circunstância que os leva a jogar videogames juntos em um hospital ao longo de alguns anos e, mais a frente, viram desenvolvedores dos seus próprios jogos.

Para uma geração que cresceu com videogames e computadores ao longo dos anos 1990, o livro é cheio de referências e piscadelas, mas de uma maneira mais orgânica e menos superficial do que outras obras como Jogador N°1, que também se estruturam em referências a videogames e outros elementos das cultura pop.

Grata surpresa que me fez buscar outras obras da autora: A vida do livreiro A. J. Fikry, outro título publicado por Gabrielle Zevin editado em português, já furou a fila por aqui como próximo a ser lido.