A ansiedade esteve forte por aqui ao longo das últimas semanas e levou embora a concentração para leituras de maior fôlego. Mas é justo a literatura uma das principais ferramentas que me ajudam a estar mais tranquilo. Eis que voltei a Sally Rooney, que já tinha me feito um bem danado com “Pessoas Normais”. “Conversas entre amigos” tem a densidade ideal que consigo suportar nesses tempos de mente acelerada e dificuldade para estar no presente.

Cheguei atrasado ao 5 a Seco. Vi o show no Coala Festival pela tevê e que banda!

Terminei de ler A festa da insignificância, de Milan Kundera 📚

Comecei a ler A festa da insignificância, de Milan Kundera 📚

Terminei de ler Pastoral americana, de Philip Roth 📚

Super Mario Wonder zerado. Pouco mais de 25h de gameplay.

Comecei a ler Todos os contos volume 1, de Julio Cortázar 📚

Comecei a ler A revolução da glicose, de Jessie Inchauspé 📚

Comecei a ler Pastoral americana, de Philip Roth 📚

Star Wars Jedi: Fallen Order - primeiras impressões

Nesse feriado de Dia do Trabalho comecei a jogar Star Wars Jedi: Fallen Order. Há muito tempo eu não adentrava a madrugada jogando videogames, mas esse jogo me fisgou.

Os meus planos para o feriado incluíam continuar a campanha de Fallout 4 que iniciei após me empolgar com a série do Amazon Prime. Mas após Star Wars Jedi: Survivor entrar no catálogo do Game Pass decidi dar uma chance a Fallen Order.

A minha relação com Star Wars é tardia. Assisti aos filmes da primeira trilogia nas reprises que a Globo fez ao longo dos anos 1990 e à época não dei muita importância. Quando as prequelas começaram a sair, no início dos anos 2000, voltei aos filmes clássicos e passei a me interessar mais, apesar de praticamente não ter tido contato com o universo expandido de animações, livros e videogames.

Mas a realidade é que, com exceção dos episódios IV, VIII e de Rogue One, o meu interesse sempre foi mais pelo entorno de Star Wars do que propriamente pelas histórias contadas em cada filme. Gosto especialmente da ambientação especial, da geografia e da diversidade de planetas e espécies de personagens.

Foi com esses antecedentes que cheguei a Fallen Order.

Em relação à jogabilidade, o jogo não esconde de onde parte nos seus principais aspectos: puzzles que remetem a Breath of The Wild; combate desafiador soulslike; exploração com muito parkour - no estilo de Uncharted - e com possibilidade de desbloqueio de aréas previamente inacessíveis, seguindo a cartilha metroidvania.

Eu tinha ouvido falar que o jogo podia intimidar a quem não tem fluência nos combates estilo Souls, e de fato me assustei um pouco com a dificuldade de alguns dos primeiros encontros. Contudo, à medida que novas habilidades vão sendo desbloqueadas, via pontos de experiência ou através do reencontro do personagem com a força, os embates vão se tornando mais acessíveis para jogadores não tão habilidosos quanto eu.

Ao todo, entre a madrugada de terça para quarta-feira e o fim da tarde do feriado de ontem, devo ter jogado cerca de seis horas. Isso foi suficiente para despertar em mim a vontade de passar mais tempo no universo Star Wars. Além de estar empolgado para seguir nesse Fallen Order e após isso jogar o Survivor, pensei em assistir aos primeiros filmes com Nina. Também estou considerando assistir a Clone Wars e Andor, sobre os quais já ouvi comentários positivos.

Dia 2 do #WeblogPoMo2024

Weblog Posting Month, 2024

Através dessa postagem de Robb Knight fiquei sabendo do #WeblogPoMo2024, proposto por Anne Greens:

What is it? Weblog Posting Month, 2024! If you use weblog.lol, or otherwise have a personal blog, you should absolutely participate in this month-long blog posting extravaganza!

Encarei o desafio e me esforçarei para postar o máximo possível aqui no blog ao longo do mês de maio, de preferência diariamente.

Acho que é um bom momento para registrar um pouco do meu processo de composição nos últimos tempos, que se intensificou um pouco com os singles que o SeuZé lançou em fevereiro e março e com o disco maior que pretendemos soltar ainda nesse ano.

Dia 1 do #WeblogPoMo2024

Ouvindo música com Nina

Ao longo das últimas semanas tenho ouvido bastante música pop, sobretudo Kate Perry, Miles Cyrus, Lady Gaga e Taylor Swift. A despeito de eu gostar genuinamente de algumas músicas das artistas mencionadas - é o caso de Flowers - as escolhas têm sido de Nina, que cada vez mais tem desenvolvido um gosto por ouvir música deliberadamente.

A maneira como ela pergunta, tão logo entra no carro, “posso colocar música?”, me remete automaticamente a quando eu começava a desenvolver o meu próprio gosto musical. Pelos idos de 1993 ou 1994 eu tinha um ritual matinal que contava com a boa vontade dos meus pais e consistia em 2 passos que se repetiram à exaustão ao longo de alguns bons meses.

  1. Enquanto me aprontava para ir à escola, dava play num VHS com o registro de um show do Asa de Águia que gravei a partir de uma transmissão da Band Natal.
  2. Já no carro, no caminho para o Salesiano, ouvia uma fita do Acústico Nirvana.

A cada vez que o cansaço pela repetição me deixa prestes a pedir para ela escolher outras músicas, lembro da maneira paciente com que a minhas obsessões da época foram acolhidas por painho e mainha.

Um adendo: em alguns dias eu e Nina combinamos de cada um escolher uma música ou um disco e irmos nos revezando. Nessas, sem pressão e de maneira relativamente espontânea, ela acaba escolhendo um álbum que conheceu através do que eu botei para tocar. Foi o caso de Another One, de Mac Demarco.

Terminei de ler As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg. 📚

Cantinho para leitura

Manton o responsável pelo Micro.blog, misto de rede social e serviço de hospedagem web, publicou recentemente uma breve postagem sobre o rearranjo que fez no seu espaço de leitura. Fiquei pensando em organizar algo semelhante para mim: um cantinho da casa com uma cadeira minimamente confortável, bem iluminado, arejado e, de preferência num cômodo mais silencioso do apartamento.

Qual não foi a minha surpresa ao saber que já disponho de um lugar com essas características, mas que eu ainda não associava a um espaço para leitura como o faço como a minha cama e o sofá da sala.

Cantinho para leitura que já me esperava aqui em casa.

Comecei a ler Linha M, de Patti Smith. 📚

Empolgado para voltar a fazer parcerias em composições. Ontem recebi uma letra linda de Anderson Foca para musicar.

Comecei a ler: As pequenas virtudes, de Natalia Ginzburg. 📚

Terminei agora de ler agora Primeira pessoa do singular, de Haruki Murakami. 📚

Livro de contos em que o autor japonês se assume como narrador e levanta a dúvida sobre o quão autobiográficas são as tramas narradas. Alguns temas presentes em obras anteriores retornam aqui: referências à música ocidental - sobretudo música clássica - e animais antropomorfizados, por exemplo.

Começando mais um Murakami: Primeira pessoa do singular 📚

Indo ao Domingo na Arena com Márcia e Nina para ver os cachorros para adoção.

A morte em Jorge Amado e a perda de um tio

Não, não era a mesma coisa a presença da morte lá na cidade da Bahia, rápida e banal nas rodas de um automóvel, nos leitos dos hospitais, nas páginas de desastres e crimes dos jornais. Era leviana e secundária, por vezes não merecia mais de duas linhas nas gazetas, desaparecendo em meio a tanta vida a cercá-la, a tanto ruído e luta, não havia lugar para ela nos corações apressados, dissolvia-se sua sombra nas luzes, e os risos não deixavam ouvir seu murmúrio. Seu podre bafo, como iriam senti-lo as mulheres envoltas em perfume, em cálidas vagas de desejo? Passava a mote despercebida, apenas executava sua tarefa e já desaparecia, não havia tempo a perder com ela em meio a tanta ânsia e pressa de viver.

“Fulano morreu”, anunciava-se, nos jornais, nos rádios, nas conversas, dizia-se “coitado!, pobre dele!, já foi tarde, era tão moço ainda…”, e não se falava mais nisso, havia muito assuntoa comentar, muito riso a rir, muita ambição a satisfazer, muita vida a viver.

Em Periperi era diferente: não era vida feita de trabalho e luta, de ambição e dificuldades, de amor e ódio, de esperança e despero, a que ali viviam ou vegetavam. Ali o tempo se alongava, nada o apressava, os acontecimentos duravam acontecendo. E o mais longo de todos era a morte, jamais banal e rápida, sempre fulgurante e demorada, apagando, com sua chegada, todas aparências de vida do lugar.

Jorge Amado, em Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de Longo Curso

Escrevo de Tabatinga, onde estou desde ontem sem conseguir largar o Jorge Amado sobre o qual falei nos últimos posts.

Pouco após passar pelo trecho do livro citado acima, recebi a notícia de que o meu tio Cesar, irmão de mainha, faleceu. Ele já vinha bastante doente há mais de um ano e desde o fim de 2023 teve qualquer recuperação desacreditada pelos médicos.

Ainda que nós familiares não tenhamos dúvidas de que sua passagem foi um descanso dado o visível sofrimento físico que ele enfrentava cotidianamente, fica esse sentimento estranho de conformação com a ideia de que “ele já vinha sofrendo tanto”, como se morte dele não estivesse não estivesse acontecendo na Periperi que Jorge Amado representou em Os Velhos Marinheiros, mas na Salvador idealizada no livro.

Vai ver são apenas os vestígios ainda não expurgados da minha formação cristã, que lá do incosciente continuam cobrando de mim uma atitude expiatória diante da morte. De Tio César vão ficar as lembranças da maneira leve e inconsequente com que levava a vida, da convivência mais intensa nos anos de veraneio em Cotovelo, além de dois versos do hino do Fluminense, frase-síntese que entoava quando o pileque dava os primeiros sinais:

Sou tricolor de coração sou to time tantas vezes campeão

Descanse em paz, tio.

Jorge Amado a caminho

Após a tentativa frustrada de ontem de pegar emprestado um Jorge Amado na Biblioteca Câmara Cascudo, acabei de comprar Os velhos marinheiros, ou, O capitão-de-longo-curso. Com a previsão de chegada até sexta-feira, essa vai ser a minha leitura do fim de semana em Tabatinga.

Os quase 50 livros publicados pelo autor baiano dificultaram a escolha do título em que vou debutar na sua obra, mas após descobrir que Os Velhos Marinheiros está na lista dos favoritos da vida de Tom Crithlow, um dos meus escritores favoritos na web aberta, fiz a minha escolha.

O livro físico estava custando quase o dobro do ebook, o que por si só já justificaria a minha opção de leitura no Kindle, mas como Márcia manifestou o interesse em voltar à obra de Jorge Amado, peguei o impresso nessa edição da Companhia das Letras, para que compartilhemos com mais facilidade.

Primeiras impressões sobre a Biblioteca Câmara Cascudo

Interior da Biblioteca Câmara Cascudo Parte do acervo disponível para empréstimo na Biblioteca Câmara Cascudo

Todos temos lacunas em nossos repertórios de leitores, ouvintes de música ou amantes de filmes. Dentre as minhas, uma das que mais venho pensando em preencher é Jorge Amado, de quem até hoje nada li e cuja obra só tive acesso através das adaptações para telenovelas e cinema.

Hoje, no meu intervalo para almoço, saí decidido a começar o meu encontro com o escritor baiano.

Costumo almoçar em self-services nas redondezas da Secretaria Municipal de Educação. Um deles é o Pitéu, que fica na Rua Potengi, exatamente em frente à Biblioteca Câmara Cascudo. Desde que o equipamento foi reinaururado após uma reforma quase interminável, eu vinha cogitando uma visita. Hoje, enquanto deglutia a honesta carne de sol da nata oferecida pelo restaurante e observava a fachada da biblioteca, decidi atravessar a rua após pagar a conta.

Fui à biblioteca com três objetivos principais: fazer o meu cadastro para poder pegar livros emprestados, explorar rapidamente o prédio e o acervo e encontrar alguma obra de Jorge Amado. Pelas minhas experiências recentes em visitas a equipamentos culturais reinaugurados nos últimos anos pelo governo estadual - mais especificamente a Fortaleza dos Reis Magos e o Complexo Cultural da Rampa - eu não tinha grandes espectativas, portanto não me surpreendi com a falta de estrutura da biblioteca. Resumo nos tópicos abaixo:

  • Já se passaram mais de dois anos da reabertura e a Câmara Cascudo ainda não dispõe de um sistema digital para cadastro dos usuários e processamento dos empréstimos.
  • A estrutura de ar-condicionado central do prédio não funciona, de maneira que apenas a sala com o acervo já catalogado é climatizada.
  • O acervo disponível para empréstimo não foi renovado para a reabertura da biblioteca, além de não ter passado por nenhum procedimento de higienização. Sem exceção, todos os livros que manipulei estavam muito empoeirados, mesmo se considerando serem exemplarem revativamente antigos.

Explorei com mais atenção as seções de literatura nacional e informática. Nessa última, até pela pouca idade do tema, havia um acervo com livros mais bem conservados, ainda que mal higienizados. Cheguei a folhear e cogitei pegar emprestado um sobre web design, mas era uma edição do fim década de 1990 e as linguagens que o material parecia abordar não seriam úteis para a customização deste blog, a principal razão do meu interesse pela temática.

No corredor de literatura brasileira fui direto à letra A de Amado e no caminho até lá me deparei com a situação já mencionada: acervo desatualizado e, mais importante, mal higienizado. Antecipando-me aos que me acusarão de etarismo editorial, o meu incômodo não é exatamente com a data de publicação dos livros disponíveis. Por mais que eu tenha sentido falta de o acervo da biblioteca contemplar autores brasileiros e estrangeiros contemporâneos, a falta de higienização que tem insistido em destacar tem um manifestação tátil nessa biblioteca estadual. Uma rápida manueada em alguns livros aleatórios foi suficiente para deixar as minhas mãos bem empoeiradas e desencadear reações alérgicas.

Fui um frequentador assíduo da Biblioteca Central Zila Mamede durante a minha graduação e mestrado na UFRN e, tanto entre os livros relacionados nas ementas das disciplinas que cursei, quanto os de literatura e outras categorias que eu tomava emprestado sem obrigações acadêmicas, estavam exemplares com décadas de publicação e amarelados pela ação do tempo, mas ainda assim limpos sem a poeira que encontrei na Câmara Cascudo.

É lamentável que essa situação aconteça naquela que, excetuando-se a BCZM, é considerada a maior biblioteca do Rio Grande do Norte, após anos fechada para requalificação, localizada numa cidade do tamanho de Natal, beirando os 800.000 habitantes e capital de uma das unidades da federação. Esse sentimento fica ainda mais forte após experiências em bibliotecas de outras cidades, como foi o caso da que tive em Medellin no começo desse mês.

Dessa forma, meu debute na obra de Jorge Amado vai ser adiado por mais alguns dias. Vou buscar em algum sebo da cidade ou recorrer ao único que pode garantir uma leitura sem poeira: o Kindle.