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    Pequenas mudanças

    Recentemente tenho feito algumas pequenas mudanças e implementações aqui no blog. Foi o caso do Blogroll, sobre o qual falei na última postagem. O botão para adicionar comentário foi deslocado para o final dos posts. Também venho tentando fazer com que pequenos trechos de músicas e podcasts oriundos do Spotify, que usei em algumas postagens, sejam exibidos corretamente na versão mobile do site.

    Quando esse Música em Versão Beta é acessado a partir de um computador, o player com o clipe de áudio aparece da maneira correta:

    Mas quando o acesso é a partir de um telefone celular, o espaço quue deveria exibir o tocador fica vazio:

    Essas últimas intervenções que fiz por aqui me lembraram como ir realizando pequenas mudanças, aos poucos, por mais óbvio que pareça, é algo muito mais sustentável do que grandes alterações, que acabam impedindo que a principal razão de esse blog existir - ter textos publicados - aconteça.

    Desde que voltei a me interessar por discussões sobre web aberta, IndieWeb e passei a acompanhar muitos blogs pessoais, um dos tópicos que mais gosto de acompanhar nos sites alheios é sobre como esses outros escritores pensam e estruturam os seus próprios sites. Também tenho gostado bastante de acompanhar discussões sobre o tímido retorno aos sites pessoais nesse contexto de fim das redes sociais(https://www.theatlantic.com/technology/archive/2022/11/twitter-facebook-social-media-decline/672074).

    Aqui uma excelente reflexão de Matthias Ott, um desenvolvedor alemão a cujo site cheguei através dos buracos de minhoca que os só blogrolls e links para outras postagens, típicos dos blogs pessoais, possibilitam.

    Acredito que refletir um pouco sobre os caminhos temáticos e estruturais que o meu site pessoal segue e virá a seguir, é algo que pretendo fazer mais frequentemente por aqui.

    Tentando voltar à Hyrule

    Em fevereiro escrevi sobre a empolgação de recomeçar a jogar The Legend of Zelda: Breath of The Wild. Eu estava recém retornando das férias e acreditava que conseguiria continuar a jogatina mesmo com a retomada da rotina de trabalho e outras ocupações. Acabou que pouco depois de publicar aquela postagem, não [retornei mais a Hyrule]. E, ainda que, obviamente, o tempo tenha se tornado mais escasso com o retorno às atividades laborais, esse não é o único motivo da minha negligência com Zelda.

    Apesar de visualmente encantador e com mecânicas que me fazem querer viver no mesmo mundo que Link, o escopo do jogo é de certa forma intimidador, seja pelas dimensões do mundo aberto ou pelo próprio tamanho da campanha. O fato é que jogos que funcionam bem em sessões menores têm me seduzido mais nos últimos tempos.

    Por exemplo: eu ainda não havia explorado as novas pistas que a Nintendo tem liberado aos poucos para o Mario Kart 8, e agora tenho tentado fechar todos o campeonatos com troféu de ouro em 200cc. Cada tentativa não chega a tomar 10 minutos e me parece bem mais exequível que uma sessão de Breath of The Wild.

    Também tenho jogado bastante o Tetris original de Game Boy, na versão do Nintendo Switch Online, que eu já vinha explorando levemente desde o lançamento, e que tem me interessado mais desde que assisti ao filme homônimo.

    O fato é que tenho negligenciado um dos apelos potenciais do Switch que é a portabilidade. De alguma maneira não tem parecido natural para mim jogar títulos de mais fôlego na forma portátil do console, resumindo essa experiência a jogos mais casuais como os já citados Mário Kart 8, Tetris e, também, Animal Crossing: New Horizons. Mas refletindo sobre isso, lembro que da primeira vez que joguei o último lançamento da franquia Legend of Zelda, revezei bastante entre jogar na TV e no modo portátil, e a experiência não foi lá tão ruim. Talvez a experiência de jogar na TV cobre um pedágio que está me afastando do jogo: ficar num ambiente mais desconfortável (no geral a sala do meu apartamento é um dos cômodos mais quentes do lar) e depender de o aparelho não estar sendo usado por Nina ou Márcia.

    Na iminência do lançamento do Tears of the Kingdom me vejo querendo retornar para concluir o Breath of The Wild, para a partir daí poder me dedicar ao novo jogo. Talvez o caminho passe por priorizar o modo portátil do Nintendo Switch.

    Diário de corrida - Dia 01

    Flagrado por Marieta, irmã, ao esbanjar classe e vitalidade na Praia de Tabatinga

    Dentre as atividades físicas que já tentei praticar mais assiduamente ao longo do tempo, a corrida certamente é aquela em que mais insisti. Pelo menos desde 2010 tenho algumas iniciativas espaçadas e algum tempo depois devolvo os tênis ao armário e vou procurar algo me premie mais rapidamente com dopamina.

    Essa é uma questão que já significou um tabu difícil de lidar por esse que escreve. A falta de constância na corrida e os sucessivos reinícios nessa prática esportiva chegou inclusive a reforçar em mim a identidade de alguém que não finaliza os projetos que inicia ou que é incapaz de praticar uma esporte, que não seja futebol, por muito tempo. Vez ou outra, inclusive, foi questão que levei para a terapia.

    Uma das estratégias que lancei mão na tentativa de fazer da corrida um hábito, foi escrever sobre em outras encarnações desse blog. A ideia era tentar extrair compromisso ao publicizar as minhas intenções de atleta. Não vingou também.

    Acontece que a terapia funcionou e não me frusto mais com possíveis (e prováveis) inconstâncias na minha carreira de corredor. Nesse início de 2023, mais uma vez passando os primeiros dias anos do ano na Praia de Tabatinga, trouxe roupas e tênis de corrida para me mexer um pouco e tentar minimizar os efeitos em meu corpo de pelo menos dois anos de uma grande negligência com a minha saúde, baseada em sedentarismo e péssimos hábitos alimentares. No meio da sessão de hoje pensei que seria uma boa escrever sobre o processo aqui. Dessa vez não mais buscando o peso de tornar pública a minha iniciativa, mas pelo simples fato de registrar para mim mesmo esse processo, os anseios e as pequenas vitórias. Sem cobrança.

    A ideia é escrever sobre sessões de corridas aleatórias, trazendo fotos ou vídeos dos lugares em que estive, além de trazer algumas métricas geradas pelos aplicativos que uso para organizar a minha prática.

    Eis os dados de hoje.


    Tela do programa para 5k do app Get Running

    Estou seguindo o programa do app GetRunning, que baixei quando comprei o meu primeiro iPhone, no final de 2010. Ele propõe o condicionamento para 5km de corrida ao longo de 9 semanas. Como eu já tinha noção prévia, comecei pela semana 3 e pretendo continuar nessa sequência até estar confortável para avançar à próxima.


    Para registrar as corridas, importo as informações do GetRunning no RunKeeper. Dessa vez estou evitando o fator social do Strava.

    Feliz 2017

    Mais um início de ano em Tabatinga. Há bastante tempo não consigo ficar muito numa casa de praia sem que a vontade de voltar para a cidade (e ter os mimos tecnológicos por perto) apareça. Por outro lado, poucos são os momentos do ano em que consigo clarear a mente e pensar na vida com mais calma.

    Feliz 2017!

    As exceções das regras

    No mês de agosto completarei três anos de trabalho no serviço público. Até agora, tem sido um período muito bom, de experiências e constatações interessantes.

    O tempo que passei prestando serviços ao Estado foi suficiente para eu perceber que a imagem de serviço público que reina no senso comum não é uma regra. Tive a oportunidade de trabalhar numa pasta de governo extremamente comprometida e eficiente e, de certa maneira, me sinto responsável por ajudar a posicionar o Rio Grande do Norte como modelo nacional e internacional quando o assunto é políticas eficazes de reforma agrária.

    É lógico que também pude constatar de maneira prática o porquê de o serviço público ser esteriotipado de maneira tão negativa. É de indignar qualquer poço de paciência, ver indivíduos se escorarem na ineficiência da fiscalização da máquina pública e – como dizem os antigos – não darem um prego numa barra de sabão. Para a minha surpresa, porém, essa realidade foi irrisória em 33 meses de experiência.

    Uma coisa que pude observar e sempre me deixou bastante indignado é a possibilidade real de contenção de despesas do serviço público. É impressionante como os funcionários que detém cargos de chefia possuem regalias que oneram as contas públicas. Carros de LUXO e celulares à disposição. Se em cada pasta dos governos estaduais fosse feito um esforço no sentido de conter certos gastos, apareceriam recursos que faltam para pôr em prática muitos projetos. O pior de tudo é que essas regalias e gastos são tão comuns quanto legítimos. Não há contestação, nem mesmo peso na consciência dos beneficiados diretos. É tudo perfeitamente legal.


    Outro dia, encontrei com um colega de faculdade no ônibus. Além de conversarmos sobre História e vida acadêmica, papeamos também sobre trabalho. Além de pretendente a historiador ele também é funcionário público. Mas as semelhanças com este que lhe escreve cessam aí.

    O meu colega de faculdade tem um cargo de chefia, deve ganhar cerca de dez vezes mais do que eu e não parece se lembrar que existe um carro novinho à sua disposição, oferecido pelo povo potiguar. Seu automóvel estava no conserto e ele, deliberadamente, não viu problemas em tomar alguns ônibus e deixar os veículos do Estado quietinhos nos seus lugares.

    Pra ti já era!

    Cerca de 300 funcionários da Varig devem fazer hoje em Brasília uma marcha para pressionar o governo a ajudar a solucionar a grave crise financeira enfrentada pela companhia aérea. Eles partiram do aeroporto do Galeão (Rio de Janeiro) para Brasília em um avião MD-11 fretado da Varig.

    Folha Online - 11/04/2006 - 11h09

    Mais de dez mil funcionários na iminência de demissão e R$ 7 bilhões em dívidas. Eis o dilema da Varig e do Governo Federal.

    Não bastassem os problemas acima citados, a companhia área não tem conseguido ao menos arcar com as despesas correntes, como combustíveis e salários. Não será mais uma dose de complacência da União que fará a Varig se equilibrar financeiramente. Ao que parece, o Governo Federal já fez o que pôde, perdoando e reduzindo dívidas da companhia junto a empresas estatais como a Infraero e a BR Distribuidora (de combustíveis). Segundo a redação do Band News, a maior parte da dívida da empresa é com a União. E lá vêm a CUT e a Força Sindical se valendo dos fins para justificar os meios. Lógico que é papel das centrais sindicais tentar prevenir que milhares de trabalhadores percam seus empregos, mas isso tem que ser feito com cautela. Se o Governo Federal mantiver a complacência com a inabilidade administrativa da Varig e perdoar ou aliviar as dívidas da empresa, vai estar abrindo um precedente difícil de se controlar. Qualquer grupo de empresários com mais influência e sensibilidade, quando em crise – ou não – se sentirá no direito de cobrar uma ajudinha do Estado, e mais, com o apoio da opinião pública.

    O problema da Varig é de outra ordem. A empresa não soube se adaptar ao novo panorama do setor aéreo que se anunciou a partir do final da década passada. Vivemos num momento em que todos os setores de serviços brigam por expansão indiscriminada de mercado. O setor aéreo não é exceção. Já se foi o tempo em que era possível limitar perfil de clientela. Público alvo é necessário, se prender a ele é burrice. Não importa se as classes que o seu negócio terá de atingir sejam a C ou a D. Se o seu produto é caro para o cliente, baixe os seus custos ou crie um produto que suporte um preço mais baixo e atenda aos anseios da clientela.

    Foi exatamente aí que a TAM, a GOL e a BRA se firmaram no mercado. A primeira, que começou a ocupar posição de destaque no momento que ainda reinavam absolutas Varig, Vasp e Transbrasil, hoje ocupa a liderança do mercado doméstico com cerca de 44% dos vôos. A GOL, por sua vez, ocupa a segunda posição que antes pertencia a Varig. A empresa copiou o modelo das companhias emergentes nos EUA. Além de oferecer vôos a preços bem mais competitivos que os da concorrência, o que possibilitou a conquista de outro perfil de cliente – que antes compravam os serviços de transporte rodoviário – as ditas empresas emergentes têm uma política bem pensada de compra de aeronaves. A GOL e a BRA têm poucos modelos em circulação (também é o caso da TAM que escolheu os Folker 100 com modelo padrão), geralmente com uma capacidade de passageiros menor do que os aviões das outras companhias, fatores que, além de baixar os custos de manutenção, possibilitam uma taxa de ocupação relativamente alta. No fim, tudo concorre para um preço final mais baixo.

    A Varig seguiu em caminho contrário. Demorou bastante para aderir aos chamados “vôos populares” e ainda insiste em manter em circulação aeronaves de vários modelos distintos.

    Não dá em outra: empresa mal administrada e que não se atualiza às tendências de mercado, quebra. Não é assim que acontece com as pequenas e médias que fecham antes mesmo de abrir? Estou certo que somando os infelizes das muitas empresas de pequeno e médio porte país afora, que perdem emprego, o resultado supera em muito os dez mil que estão por ficar sem salário.

    Se a União pensa em fazer algo, talvez seja mais prudente traçar estratégias ou parcerias com as companhias que têm mostrado um bom desempenho nos últimos anos, para que estas tenham condições de absorver a mão de obra que a Varig não soube aproveitar.

    Que o governo não ceda.

    Como diria um péssimo locutor de rádio AM da cidade: Varig, pra ti já era!

    Ainda falta quarenta anos

    Lá pelos idos de 1998, quando não fazia muito tempo que havia ganhado o meu primeiro violão, eu já pude ter uma experiência de convivência em banda. Era uma coisa bem precária, mal-feita, mas era uma ótima diversão.

    Junto de alguns amigos que, como eu, ainda despojavam insegurança quando na posse dos instrumentos que escolheram para si, tive uma experiência bacana tocando samba e pagode. Vale salientar que à época eu tocava violão. Hoje, quase dez anos depois, não me considero seguro o suficiente ao violão à ponto de integrar algum grupo em apresentações ao vivo. Imagina como era naquela época.

    De todos os integrantes, creio que apenas um tinha conhecimento suficiente para tocar em harmonia com outros músicos. Flaubert, que tocava teclado e era uns cinco anos mais velho que eu, chamava a minha atenção por saber executar com precisão a introdução de Lanterna dos Afogados, dos Paralamas.

    Entre ensaios e raras apresentações, a bandinha deve ter durado cerca de quatro meses. O suficiente para eu esticar as orelhas e arregalar os olhos à futuras investidas na música.


    No último dia 29, depois de muito relutar, consegui, às cinco da matina, levantar da cama, lavar o rosto e escovar os dentes. Ainda de pijama saí de casa e me surpreendi ao ver grande parte dos meus vizinhos na mesma situação vergonhosa: roupas íntimas, gosto de cabo de guarda-chuva na boca e olhos remelentos. Não vi muita graça no eclipse. Mal escureceu, já começou a clarear de novo. E eu que pensava em ir à praia para acompanhar o fenômeno. Levando em consideração que o litro da gasosa chegou aos R$ 2,70, não foi má idéia ficar perto da cama.

    Depois da escuridão, quando o sol já desistia de encoxar a lua, percebi, linda, uma vizinha que há muito não via. Com certeza ela era a única cuja roupa íntima fazia sentido. Ah se houvesse um eclipse por semana!

    Pena que ela já voltava para casa. Muito provavelmente também achara essa história de eclipse uma grande bosta. Não hesitei em ir até a esquina para fitá-la mais um pouco. Eis que quando chego ao vértice do ângulo de 90°, ela já havia fugido do meu campo de visão. Mas, qual não foi a minha surpresa ao perceber se aproximando o grande Flaubert. Pelo tempo que ele confessou não usar o teclado, é certo ter esquecido os acordes daquela canção dos Paralamas. Entre lembranças da antiga banda e conversas sobre trabalho, ficamos dividindo o meu óculos de sol para tentar observar o que restava de lua no sol.

    Prometemos um ao outro ser testemunha de que vimos o eclipse e que, Sandra Annemberg estando correta, nos encontraríamos novamente, em quarenta anos, para ver o dia virar noite e tirar sarro dos vizinhos.

    Só espero que a minha linda vizinha não saia de pijama dessa vez. Ainda falta quarenta anos!

    Filiação à OMB deixou de ser obrigatória no RN

    No fim de 2004 foram levados ao Ministério Público Federal aqui no estado do Rio Grande do Norte questionamentos e dúvidas que tínha-se com relação de ser inconstitucional ou não a obrigatoriedade do músico ter que possuir Carteira da Ordem dos Músicos para poder tocar, se apresentar publicamente.

    Diante disso, após analisar as questões legais envolvidas, o próprio Ministério Público entrou com processo na justiça questionando essa situação e agora, dia 30 de janeiro de 2006, saiu a sentença do PROCESSO: 2005.84.00.002989-0, onde o Juiz CARLOS WAGNER DIAS FERREIRA em linhas gerais diz:

    “A INSCRIÇÃO NA OMB DEVE SER EXIGIDA SOMENTE DOS MÚSICOS DIPLOMADOS COM CURSO SUPERIOR E QUE EXERÇAM ATIVIDADE EM RAZÃO DESSA QUALIFICAÇÃO, BEM COMO DOS QUE EXERÇAM FUNÇÃO DE MAGISTÉRIO, SEJAM REGENTES DE ORQUESTRAS OU DELAS PARTICIPEM COMO INTEGRANTES.”

    MÚSICOS QUE SIMPLESMENTE APRESENTAM-SE PARA SOBREVIVER, E QUE REPRESENTAM A CULTURA POPULAR, NÃO PODEM SOFRER QUALQUER EXIGÊNCIA QUE CONFIGURE RESTRIÇÃO À MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA.”

    Se lhe for conveniente divulgue / repasse esta informação

    *Segue abaixo a notícia conforme publicada no site do Ministério Público.

    www.prrn.mpf.gov.br/noticia.p… 08/02/06

    • Músicos terão liberdade de expressão garantida

    A partir de agora, os músicos do Rio Grande do Norte não precisarão ter obrigatoriamente o registro na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) para exercer a atividade. A decisão é do juiz substituto da 4ª Vara da Justiça Federal, Carlos Wagner Dias Ferreira, e atende a uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN), por meio do procurador da República Yordan Moreira Delgado.

    A Ação, proposta em 2005, questionava a obrigatoriedade do registro alegando ferir diretamente os direitos fundamentais da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Com a decisão, a OMB, representada no Rio Grande do Norte pelo Conselho Regional, não poderá mais exigir de qualquer músico, amador ou profissional, registro prévio para retirada de carteira de músico, nem o pagamento de taxas ou anuidades para que possa apresentar-se em locais públicos.

    A OMB terá ainda que declarar a nulidade de todos os procedimentos administrativos já instaurados contra os músicos, em função da falta do registro. A exceção é para os profissionais em que a as atividades requerem capacitação técnica específica ou formação superior, como especifica os arts. 29 a 40 da Lei nº 3.857/60.

    O MPF ingressou com Ações semelhantes e obteve êxito em Estados como Pernambuco, Paraná e Acre. A multa diária no caso de descumprimento da decisão é de mil reais.

    Talita Bulhões Assessoria de Comunicação Procuradoria da república no RN

    ONU: a Babel dos dias de hoje?

    Sempre que me pego pensando a respeito da atuação da ONU, a conclusão de que a entidade vive mais de discurso do que de soluções práticas para os problemas que se propõe a resolver, é a única que tenho. Entretanto, me atrevo a propor uma explicação para o fato.

    Apesar de o inglês ser o idioma padrão para a comunicação entre indivíduos de nacionalidades e línguas distintas, em todo o mundo, parece haver um grande problema na Organização das Nações, no que diz respeito ao entendimento das mensagens entre os seus reais membros e os reais interessados nos trabalhos do órgão.

    O Secretário-Geral, Kofi Annan, tem mostrado uma sensibilidade ímpar no trato com as questões fundamentais propostas para o seu segundo mandato na entidade: reforçar o trabalho que a Organização leva tradicionalmente a cabo em prol do desenvolvimento da paz e da segurança internacionais; incentivar e promover os direitos humanos, o estado de direito e os valores universais da igualdade, da tolerância e da dignidade humana consagrados na Carta das Nações Unidas; e ainda restabelecer a confiança da opinião pública na Organização.

    Infelizmente, e não pela vontade de Annan, a Secretaria Geral parece ser mais um cargo decorativo do que um centro de tomada de decisões concretas.

    A passagem bíblica da Torre de Babel – que pode ser encontrada no capítulo 11 do Gênesis – sugere que em determinado momento da antiga história dos judeus, quando todos os homens ainda falavam a mesma língua, estes foram punidos por Deus. Segundo a interpretação tradicional, através da construção de uma torre que cruzasse o céu, o povo de Israel visava se aproximar da divindade, para então agradecê-lo por ter escapado do grande dilúvio que a tudo arrasou em tempos remotos.

    Mas, a idéia de Deus vingativo e punitivo já estava no imaginário coletivo, na época em que certas partes do Gênesis foram escritas ou compiladas. Assim, Deus entendeu que a demonstração de agradecimento dos homens, não passava de um excesso de soberba, e que o homem pecava ao adorar a criação, ao invés de adorar o criador (a torre também seria um lugar de observação da lua, do sol e das estrelas). A divindade, então, lançou um encanto e fez com que todos os homens falassem línguas diferentes, o que impediu que os envolvidos na construção da torre se entendessem, levando o projeto por água abaixo.

    Nos dias de hoje, levando em consideração que qualquer flanelinha mais esperto consegue pronunciar o bi-ei-bi básico do inglês, a construção de um monumento como a torre da antiga babel é possível. Vide os arranha-céus da terra do Tio Sam. Globalização é assim mesmo: estadunidense falando inglês contrata; latino-americano falando espanhol da América Latina constrói e árabe-mulçumano falando algo que só as hienas devem entender, põe tudo abaixo.

    O maior problema da ONU não diz respeito à comunicação entre os seus integrantes, mas está no plano do entendimento. É fato que o campo de atuação das Nações Unidas está concentrado em países com baixo grau de desenvolvimento. O difícil é conciliar isso, partindo do pressuposto que o centro de tomada de decisões está nas nações que não necessitam dos trabalhos da organização. Por mais sensível que seja aos problemas alheios, a cúpula da ONU jamais terá a sensibilidade necessária para viabilizar soluções concretas, se a bagunça não acontece no seu jardim.

    Eis que, se um estadunidense contrata mais um latino-americano para erguer um edifício qualquer, e convence o mundo todo que um árabe derrubou de novo, o Conselho de Segurança é convocado. E há gente que ainda briga por uma cadeira permanente nessa mesa…

    EM BREVE

    Desculpas pela ausência.
    Assim que estiver quitado com as pendências acadêmicas, as atualizações do Cabaret voltarão ao seu curso normal.

    Grato.

    VOS APRESENTO MARIA EDUARDA, MINHA SOBRINHA

    Essa é Maria Eduarda, minha única sobrinha, que hoje está com 1 ano e 8 meses. Nessa foto ela estava com 7 meses (antes que perguntem, o de ventre avantajado é o meu cunhado). Por trás desse rostinho de bebê inocente está uma mente fria e maquiavélica e histórias para lá de inusitadas. Vou dar um aperitivo. 

    1. Quando finalmente ela conseguiu aprender a falar “mamãe”, uma surpresa, fez uma associação bem interessante. A mamãe dela não é apenas a minha irmã, mas todos os que estão cuidando dela em determinado momento. Assim sendo, a babá é mamãe, minha outra irmã é mamãe, até eu sou mamãe. Mas engraçado mesmo é vê-la chamando de mamãe três pessoas ao mesmo tempo, se for o caso de haver três indivíduos cuidando dela, simultâneamente.
    2. O nome de minha irmã mais nova é Marieta, Maria Eduarda a chama de Tatai; Meu nome é Felipe, Maria Eduarda me chama de Pity; O nome da boneca é boneca, Maria Eduarda não a chama de nada. 
    3. Há uns 4 meses, Maria Eduarda enfim ganhou o seu primeiro velocípede e logo tratou de alcunhá-lo de “Cococa”. Provavelmente alguma inflexão do termo “motoca”. Certo dia, estava eu brincando com ela e vendo um jornalzinho de anúncio de ofertas das Lojas Americanas. Em determinada página, havia várias bicicletas e velocípedes anunciados. De prontidão, Duda passou a gritar incessantemente: “Cococa, cococa, cococa, cococa”. Mas, interessante mesmo, foi vê-la engatinhar em direção á página do anúncio e tentar subir no velocípede que estava no papel. Vendo que não havia possibilidades concretas de montar em uma motoca de anúncio de jornal, ela olhou desolada para mim, como quem descobre a verdade sobre papai noel. Como eu sou um bom tio, passei algumas horas explicando para ela os porquês do ocorrido. Demos boas risadas, tomamos algumas bandejas de chambinho e ao final de tudo nos entendemos.

    Enfim, é o que importa.

    Um réveillon alternativo

    Querendo fugir da mesmice do réveillon da Praia de Ponta Negra e levando em consideração que não tenho dinheiro suficiente para o meu tão sonhado passaporte para a Itália, decidi fazer uma festa da virada diferente. A presepada vai rolar na casa de praia da minha família, lá em Cotovelo. Abaixo segue o release do evento. Sinta-se convidado! 

    RÉVEILLON EM COTUVELO: o melhor réveillon da sua vida acontecerá esse ano.

    LOCAL: Tavares Beache's House, na Praia de Cotovelo. 

    PACOTES PROMOCIONAIS:
    SEXTA: R$ 10,00* 
    SEXTA, SÁBADO E DOMINGO: R$ 20,00** 

    * Esse valor inclui o buffet da sexta-feira à noite, salgados, água, sanduíches e refrigerante. 
    ** Esse valor inclui, além do oferecido na sexta-feira, o churrasco do sábado e o almoço do domingo. 
    *** Bebidas alcoólicas não estão incluídas nos valores acima, mas são muito bem vindas. 
    **** As outras refeições, como jantar e café da manhã, também não estão inclusas. 
    ***** A casa é relativamente grande. Portanto, todos os participantes estão convidados a se hospedar no local do evento, gratuitamente. Entretanto, aconselha-se que estejam munidos de redes ou colchonetes para fugir de imprevistos e maiores transtornos. 

    A intenção é fazer com que a festa não se limite à virada do ano. Quem for tem a opção de ficar até o domingo e curtir bastante. Além de um repertório bem escolhido para o CD player, os presentes terão a oportunidade de ouvir, ao vivo, vários músicos se apresentando em JAM's, já que um pequeno som será montado para a animação de todos. 

    INFORMAÇÕES:

    Marieta Tavares - 9105-2899 
    Lipe Tavares - 9988-9059 
    Yvan Leite - 9969-3597 

    Desde já, anuncio que a festa já está sendo um sucesso de procura. 

    História musical de um jovem orelhudo e olherudo - Parte 8

    Posso dizer, por experiência própria, que para alguém que almeja algo tocando algum instrumento, nada como começar tocando em alguma banda. O ritmo de ensaios e até mesmo o clima de novidade são fundamentais para um contato mais constante com o instrumento. Claro que é preciso ter bom senso para saber que não vai ser tão cedo que a primeira apresentação acontecerá. 
    Fui um felizardo por ter tido essa oportunidade. Quando comecei a tomar gosto pelo contrabaixo e vislumbrei uma possibilidade de ser baixista profissional em um futuro distante, tive a sorte de estar começando o República 5. 
    Em seus primeiros passos, a banda não sabia exatamente o que iria se propor a fazer. Nada mais natural. Éramos todos moleques, cujo conhecimento musical não ia muito além de músicas cifradas da Legião Urbana e a idéia de montar um grupo era muito recente. 
    Começamos tentando tocar covers da Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Paralamas do Sucesso e afins. Confesso que nesse momento eu me mostrei muito tímido e pouco participativo. Não fazia nada além de tocar as músicas sugeridas pelos outros integrantes. 
    Depois de um bom tempo de ensaios, eis que surge o convite para a primeira apresentação. A amiga de um tio de Carlinhos (baterista do República 5) nos viu ensaiando uma vez e resolveu nos iniciar na vida. No sentido musical, evidentemente. 
    O problema é que na ocasião não tínhamos chegado nem a uma hora de repertório. Para uma banda iniciante, ávida pelo primeiro show, isso não seria um problema. Por esses tempos Fell era fã incondicional de O Rappa e sabia cantar todas as músicas do disco Rappa Mundi. 
    Não poderia ser mais legal. Além do nosso primeiro show, também seria a primeira noite de improvisos da banda. 
    Assim, em algum dia da última semana de dezembro de 1999, fizemos a nossa primeira incursão ao-vivo na música. Somados erros e improvisos nada interessantes, chegamos à conclusão que deveríamos ensaiar mais um pouco antes de tocar de novo. 
    Mas já era tarde, duas semanas depois estaríamos fazendo apresentações na Praia de Zumbi e começando a aprender com os próprios erros

    NÃO RECLAME SE EU SOU SEDENTÁRIO E NÃO PRATICO ESPORTES

    Há um tempo, quando eu devia ter uns 15 anos e ainda sonhava em ser jogador profissional de futebol, tive a chance que esperava para chegar ao estrelato. 
    Não importava se até então eu havia reprovado em todos os exames para a equipe de futebol do colégio, ou se eu era reserva do time de futsal da minha rua, mesmo levando em consideração que o meu pai era o técnico. Eu estava decidido participar do “peneirão” do Vitória da Bahia, naquela manhã de domingo. 
    Se não me falha a memória, fiquei sabendo da notícia através do globo esporte do sábado anterior. Corri e pedi o aval do meu pai para tal empreitada. 
    No dia anterior, mal consegui dormir. Passei a noite pensando como seria a minha nova vida em Salvador. Já tinha até traçado o meu caminho: após passar no peneirão do vitória, ficaria naquela equipe por mais 3 anos; aos 18 seria contratado pelo Corinthians, e dois anos depois pelo Vasco; aos 20 anos, começaria a receber propostas dos maiores clubes da Europa, mas só aceitaria a milionária que o Real Madrid faria; participaria da copa de 2002, sendo eleito o melhor jogador e no ano seguinte abandonaria o futebol para trabalhar como garoto propaganda das maiores marcas do planeta. 
    A reação da minha mãe, ao receber a notícia que eu participaria do teste, foi bem interessante. Não esperou muito e foi falar com o meu pai: 

    - Luis, não deixe esse menino ir fazer esse teste. Imagina se ele passa e vai ter que morar fora. Ele não vai se acostumar, eu não vou me acostumar... 
    - Calma, mulher. Não se preocupe! Eu assino embaixo. Não é dessa vez que ele vai morar fora de casa. 

    De fato, as expectativas do meu pai se confirmaram. Já no “peneirão”, joguei exatos 10 minutos, pois assim com eu, cerca de 100 garotos foram ao campo de futebol da UFRN com o estrelato como objetivo. 
    Voltei para casa cabisbaixo, mas já possuía um violão para o meu consolo. 
    Hoje em dia ataco como peladeiro profissional, apesar de não agüentar jogar mais que 30 minutos seguidos. 

    WELCOME BACK

    Não sei muito bem se superei o bloqueio criativo, mas como sou atrevido, e em virtude do lay-out novo, o Papo Passado está de volta. Queria agradecer a Adriana Amorim pela concepção do template. 
    Volto em breve com algum post de verdade. 

    Welcome back!

    DESATUALIZANDO POSSO ME ORGANIZAR

    Devido a um bloqueio criativo neste que vos escreve, esse blog encontra-se desorganizado e desatualizado. 
    Assim que tal estado de coisas mudar, prometo novidades.

    LIPE TAVARES EM NÚMEROS OU O TIPO MAIS BREGA DE POST

    Três lugares onde se comer
    • Fast Grill (do Natal Shopping) 
    Para quem estava acostumado a almoçar pizza ou algum sanduíche do Pitts Burg, quando no Natal Shopping, o almoço do Fast Grill surgiu como redenção. O nome do restaurante é sugestivo, portanto, não é difícil perceber que a especialidade da casa é churrasco. Com R$ 10, dá para comer bem, beber um bom suco e estirar o dedo para os pizzaiolos da Mister Pizza e pro gerente do Pitts Burg. 

    • Point do Pastel 
    Localizado na Avenida Ayrton Senna, próximo à lombada eletrônica, o Point do Pastel é um espaço simples, mas com ótimos preços e grande variedade. Mais uma vez, seria redundante explicar a especialidade da casa. Os pastéis são enormes, muito bem recheados, feitos na hora e custam em média R$ 3. geralmente passo por lá todas as quintas feiras, por volta da meia-noite, após o ensaio da Experiência Ápyus. 

    • Tanaka Lanches (da Bernardo Vieira) 
    Faz um bom tempo que não vou lá, e segundo boatos, o lugar parece já ter fechado. Mas sem exageros, nunca comi sanduíches melhores do que os de lá. Seguindo o padrão da filial da Praça Cívica, os sandubas são enormes, mais ou menos do tamanho de um prato grande. Já tive oportunidade de experimentar as duas filiais e, na minha opinião, a da Bernardo Vieira é bem superior. Nunca vi um molho rosê tão bem preparado e um lanche tão bem cuidado. A média de preço dos sanduíches gira em torno de R$ 3 ou R$ 4. Vale à pena procurar saber se a lanchonete ainda está funcionando. 

    Seis álbuns
    • Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Mutantes, Tom Zé, Nara Leão, Torquato Neto e Rogério Duprat – Tropicália Panis Et Circenses 
    • Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado 
    • Radiohead – Ok Computes 
    • The Beatles – Abbey Road 
    • Madredeus – Antologia 
    • The Smiths – The Queen is Dead 

    Cinco Filmes
    • Laranja Mecânia – Stanley Kubrick 
    • Um Lugar Chamado Nothing Hill - Roger Mitchell 
    • 2001: Uma Odisséia no Espaço - Stanley Kubrick 
    • Os Guarda-Chuvas do Amor – Jacques Demy 
    • O Iluminado – Stanley Kubrick 

    Dez canções
    • Balada do Louco – Arnaldo Baptista 
    • Vicente Celestino – Coração Materno 
    • While My Guitar Gently Weeps – George Harrisson 
    • Terra – Caetano Veloso 
    • Vila do Sossego – Zé Ramalho 
    • Coffe & TV – Alex James 
    • Why Worry – Mark Knopfler 
    • Último Romance – Rodrigo Amarante 
    • Sail to The Moon – Tom York 
    • Chico Buarque – Desalento 

    Quatro livros
    • O Nascimento de Deus: A Bíblia e o Historiador – Jean Bottero 
    • Uma História de Deus – Karen Armstrong 
    • A Divina Comédia dos Mutantes – Carlos Calado 
    • O Elogio da Loucura – Erasmo de Rotterdam 

    Treze compositores
    • Arnaldo Baptista 
    • Samuel Rosa 
    • Lulu Santos 
    • Chico Buarque 
    • Johann Sebastian Bach 
    • Caetano Veloso 
    • João Ricardo 
    • Thom Yorke 
    • George Harrisson 
    • Paul McCartney 
    • Renato Russo 
    • Herbert Viana 
    • Beethoven 

    LIPE TAVARES: UM SER ANACRÔNICO


    Desde muito pequeno, sempre tive a estranha sensação de que eu nasci na época errada. Definitivamente, os meus gostos e convicções não se enquadram muito bem nos padrões atuais. Mas não foi tão cedo que pude constatar esse fato com tanta certeza. 
    Já fiquei meio preocupado quando a minha família ou alguns amigos me censuraram ao me verem sentado no terraço de casa, sozinho, ouvindo chorinho e tomando cerveja. Ou me chamavam de velho ou questionavam sobre o meu estado emocional. 
    Já me preocupei muito quando fui censurado ou reprimido por alguém, mesmo que por pequenas piadas, ao ouvir Noel Rosa ou Madredeus. 
    Nem sempre, fazer uma coisa que se gosta, sem se preocupar com o que os outros vão pensar, é sinal de breguice ou dor de cotovelo. 
    Depois de tanto me preocupar, e, mesmo sem levar em consideração as tais repressões ou censuras, tentei achar um sentido para isso tudo. 
    Sem querer fazer o tipo do alternativo, do diferente, percebi que, mesmo que inconscientemente, tendo a relutar contra os padrões e modismos que são impostos. Se tem uma coisa que acho legal em mim, é conseguir fazer a grande maioria das coisas por mim, sem pensar no que os outros vão pensar. Claro que em algumas ocasiões não podemos fugir dos olhares alheios. Admito. Somos seres sociais (mamãe, ta vendo com as aulas de Sociologia fazem efeito?). 
    Só para constar, acho que cerca de 90% das coisas que ouço, leio e, conseqüentemente, me inspiro são datadas antes dos anos 90. 
    Confesso que sou extremamente dependente da tecnologia dos últimos tempos, em especial a Informática e a Internet, mas, para mim, os progressos tecnológicos são uma maneira concreta de acomodação do homem. No meu caso, essa lógica é extremamente cruel. Sou uma pessoa indisciplinada ao extremo e tenho muitas dificuldades para encarar os planos traçados, com força de vontade. Se tenho uma facilidade a mais para resolver meus problemas, me acomodo na mesma proporção. 
    Por isso, creio que se eu tivesse vivido entre os anos 60 e 80, seria uma pessoa mais esforçada, mesmo que por pura pressão ou carência de subsídios. Também, ser contemporâneo dos meus ídolos musicais, literários e ideológicos, que se configuram nos meus verdadeiros gostos, seria um estímulo e tanto. 
    Como uma viagem no tempo continua inviável, continuarei anacrônico mesmo, com a rola no presente e os ovos no passado.

    História musical de um jovem orelhudo e olherudo. Parte 7

    O baixo que eu havia tomado emprestado era meio desprovido de beleza, mas tinha um sonzinho até legal. Mas o mesmo problema que passei com a guitarra, passaria com esse instrumento ligeiramente mais grave: a falta de um amplificador adequado. 
    Mais uma vez, quem pagou o pato foi o meu velho aparelho de som 3x1 anteriormente danificado. (Danificado ainda está, mas através dele que ouço os meus vinis e CDs. Das três, uma. Ou eu parei no tempo, ou sou pão duro demais, ou sou endinheirado de menos para fazer um upgrade no meu reprodutor sonoro. Fique à vontade para construir o seu próprio desfecho.) 
    Assim, e em virtude da minha característica de empolgação e desempolgação por minuto, não tardou para que eu achasse aquilo tudo um saco. Não tentei mais que 3 semanas, abandonei o baixo e só voltaria a olhar para ele em algum dia de julho ou agosto de 1999, mais ou menos um ano depois. 
    Mais uma vez, Carlinhos foi o incentivador. Dizia estar montando uma banda e me queria como baixista. Contrariando uma idéia antiga – a de comprar um violino e um cavaquinho – há pouco tempo eu havia vendido a minha guitarra e comprado um bom violão Rampazzo. Não tinha vontade nem dinheiro para comprar um novo instrumento tão cedo. 
    Assim, fiquei usando o baixo Gianinni Stratosonic emprestado por um bom tempo. 
    Carlinhos sempre foi bem intencionado, mas, vez ou outra, aparecia com uma idéia meio fantasiosa. 
    No primeiro ensaio da tal banda, nada de anormal (excetuando-se a anormal inabilidade dos músicos, evidentemente): um baterista, 2 guitarristas (um deles acumulando a função de vocalista) e 1 baixista. Não tardou, porém, para que o estado de anormalidade tomasse a cena. Com a entrada continuada de outros integrantes, a banda chegou à nada normal formação: 1 baterista, 1 baixista, 1 backing vocal, 3 guitarristas e 3 vocalistas (que tinham que disputar o posto com os guitarristas e o baixista). 
    Por sorte, ainda restava um pouco de normalidade em minha essência. Eu e Carlinhos decidimos dividir os 9 integrantes em duas bandas distintas. É lógico que os integrantes de uma delas não receberia mais ligações para ensaios e afins. 
    A escolhida findou com a seguinte formação: eu (baixo/backing vocal), Carlinhos (bateria), Gustavo (guitarra/backing vocal), Fellipe Cesar (vocal/guitarra) e Joaquim (backing vocal/pandeirola). 
    Estava fundada a formação inicial do República 5, e plantadas as sementes de muitos sonhos. Muitos.

    História musical de um jovem orelhudo e olherudo - Parte 6

    Conheci Carlinhos aos 7 anos de idade. A gente jogou muito futebol e brincou de "Comandos em Ação" juntos. 
    Pela vizinhança, não demorou para virarmos grandes amigos. 
    Nossos primeiros passos na música foram juntos. Pensamos que tocamos em uma banda de pagode, aos 16 anos. E a partir daí não nos separamos mais (que romântico...). 
    Quando decidi que iria vender minha guitarra para comprar um violino e um cavaquinho, ele foi o primeiro a tentar me convencer a não fazer isso. Tanto tentou que conseguiu. 
    Certo dia ele me ligou dizendo: "venha aqui em casa que eu tenho um presente para você". Não levei mais que 20 segundos para estar batendo na porta da casa dele (fato não tão impressionante, já que até hoje moramos a 50 metros de distância um do outro). 
    Chegando lá, e após seguir algumas instruções, fui até o quarto do cara com os olhos fechados. Ao abri-los, a grande surpresa: um contrabaixo elétrico Gianinni Stratosonic anos 80. No momento não entendi o que aquilo significava, e as conseqüências que aquele gesto traria. 
    Observando o meu sorriso e a minha cara de satisfação ele falou: "Esse baixo é do meu tio, mas está parado faz um bom tempo. Ele é seu até que você compre um". 
    Comecei a tentar aprender o instrumento, e ao contrário do que passei com o violão e com a guitarra, o desenvolvimento foi bem rápido. 
    Mas eu não estava feliz. Não estava gostando de tocar baixo. 
    Demorou para que eu deixasse de tocar o novo instrumento mais por obrigação do que por gosto. 
    Era algum mês de 1998, eu havia vendido minha guitarra e trocado meu violão. Minha barba estava começando a fechar e eu estava começando a gostar de aprender a tocar baixo.

    História musical de um jovem orelhudo e olherudo - Parte 5

    Definitivamente, tocar guitarra era o meu mais novo sonho. Como já tinha algumas manhas do violão, os primeiros passos no meu novo instrumento não foram lá tão complicados, para mim, evidentemente. Conforme já relatado em algum capítulo dessa saga, a minha família já estava começando a se acostumar com os meus quase afinados dedilhados no violão, mas uma guitarra elétrica, sem amplificador, plugada no som da sala, fala consideravelmente mais alto. 

    Quem me conhece bem, sabe que se houvesse uma frase para me resumir, essa seria: “Empolgação e desempolgação por minuto”. Não tardou para que eu me entediasse com isso tudo. 

    A guitarra era muito linda, mas a sonoridade não fazia jus à beleza. Minha família é muito cordial, mas a gritaria não fazia jus à gentileza. 

    Quando consegui finalmente estourar as caixas de som do meu velho aparelho 3 em 1 (que me serve até hoje, com as mesmas caixas estouradas), decidi que não queria mais aquela guitarra. 

    Havia um tempo a música clássica entrara na minha vida através de Beethoven e Bach. Ganhei do meu pai uma coletânea do gênero com 10 CD’s, e corri feito louco à procura de documentários e biografias sobre os gênios que me conquistaram. Seguindo o meu lema “empolgação e desempolgação por minuto”, estava eu decidido a comprar um violino e aprender a tocá-lo. Mais ou menos nessa época, fui apresentado aos fascínios do chorinho, pelo meu pai. Não tardou para que Jacob do Bandolin e Waldir Azevedo também entrassem para o hall dos meus mais novos ídolos. Não tardou também para eu inserisse o cavaquinho no hall dos meus mais novos sonhos de consumo. Estava mesmo decidido a me tornar o grande solista da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte e o maior nome do chorinho brasileiro no século XXI. 

    Eis que aparece um velho amigo para me salvar, ou não.

    História musical de um jovem orelhudo e olherudo - Parte 4

    Sempre fui muito mimado. Quando eu queria uma coisa, insistia até ganhar. Com a guitarra não foi diferente. Meu pai comeu o pão que o diabo amassou (e cagou) com essa história. 

    “Não precisa mais insistir. Você vai ganhar sua guitarra. Mas se ficar em recuperação, não ganha nem biloca”. 

    Infelizmente, a minha vida musical sempre esteve diretamente ligada aos estudos. Se eu ia bem na escola, tranqüilo. Caso contrário, nada de instrumentos. 
    Novembro de 1997. Finalmente havia eu enfrentado a 8ª série. Para o meu desespero (e sossego geral da vizinhança), havia ficado em recuperação em Ciências (a partir desse contato inicial, eu passei a odiar Química pelo resto da minha vida. Reza a lenda que não abri o livro da detestada matéria uma vez sequer no ano de vestibular) e sonho da guitarra estava adiado. 
    Insatisfeito e discretamente conformado, fui assistir a tal aula de Química. Lembro como hoje. 
    O professor, se chamava João Roberto. Gerente de banco, dizia ele que ensinava por hobby. Mesmo com toda a boça atestada na narrativa de suas últimas viagens ao redor do mundo, era um professor bom e honesto. 
    Chegando à primeira aula da recuperação - para variar atrasado – me deparei com João Roberto comentando a última prova: a que tinha me tirado do caminho da guitarra. Minha chateação era tamanha que não quis ver os comentários. Mas o professor, apesar de ensinar Química e ser botafoguense era sensato. 

    “Luis Felipe, olhe sua prova. Pode haver algum erro de correção”. 

    Meio sem vontade, segui os sábios conselhos. E não é que a minha prova havia sido corrigida de maneira errada. Não me lembro de números exatamente, mas era coisa de um ponto a menos. Exatamente a diferença que me faria passar. 
    Resolvido o mal entendido, nota corrigida na caderneta, dedo estirado para o resto da turma, voei para casa. 
    Não me importava se meu pai é a pessoa mais mal humorada do mundo na hora do almoço. Quando sentou na mesa, a primeira coisa que ouviu foi um: 

    “Me dê o dinheiro. Eu não fiquei em recuperação. Pode me dar minha guitarra”. 

    Explicado o sucedido, ele foi categórico. Me deu o dinheiro ali mesmo na hora, talvez mais interessado em me ver longe dali, do que pensando na minha felicidade musical. 
    Passei a tarde entediado sem achar o cara que me venderia o motivo dessa capação de porco. À noite finalmente eu o encontrei e feita a negociação voltei feliz para casa. 
    Mesmo sem uma qualidade sonora perfeita, a guitarra era mesmo linda. Uma Jennifer stratocaster anos 80, de cor vinho. 
    Meu pai jamais poderia imaginar a capação de gorila que aquela aquisição causaria. De fato, meus companheiros de lar já estavam acostumados com o som do meu quase afinado violão. 
    Mas uma guitarra elétrica sem amplificador, plugada no som da sala, falava um pouco mais alto que seu irmão acústico.

    CONSTATAÇÕES DOS ÚLTIMOS DIAS

    • A Praia de Pipa em época de feriados ou em qualquer ocasião que atraia muita gente de Natal é um lugar insuportável.
    Quando recebi a notícia de que o Seu Zé iria se apresentar lá, fiquei feliz e puto ao mesmo tempo. 
    Sinceramente, não vejo a menor graça em ficar a noite toda em pé em frente a um bar, rodeado de pessoas extremamente frescas em seus grupinhos isolados. Não vejo diferença alguma da Praia de Pirangi durante o veraneio. 
    Agora então, que não é mais novidade para ninguém que o tráfico de drogas pesadas rola solto por lá, prefiro tomar banho na Ponta Negra dos italianos. 

    • Minha sobrinha, Maria Eduarda, é o bebê mais inteligente que eu já vi.
    Ela está com 1 ano e 6 meses e já sabe fazer coisas que eu só devo ter aprendido aos 10 anos. Geralmente, quando eu chego do estágio ela está na minha casa. Ontem ela estava brincando com aquelas pecinhas de encaixe. Só precisei fazer as combinações uma vez para que ela aprendesse. Definitivamente ela não puxou a mim. 

    • A universidade vai deixar saudades.
    Daqui a mais ou menos um ano eu devo estar me formando. Minha relação com o curso foi marcada por altos e baixos. Até agora tive uma dificuldade enorme para levar os estudos acadêmicos a sério. Tanto o fato de eu não ter certeza se quero lecionar ou trabalhar como pesquisador, quanto a minha ligação com a música, contribuem para isso. O curso de História da UFRN é muito bom, o departamento tem professores excelentes e eu sou apaixonado pela coisa. Mas, nesses quase quatro anos, eu não consegui ter uma seqüência legal de estudo. Empolguei-me e desempolguei muito fácil, como acontece com a maioria das coisas que me proponho a fazer. 
    No geral, acho que sou um cara que tem boas idéias, idéias originais. Mas sou extremamente indisciplinado. Indisciplinado ao ponto de preferir fazer meus planos e trabalhos na base do individualismo para não correr o risco de prejudicar terceiros com a minha falta de compromisso. 
    Mas mesmo assim, decidi dar tudo de mim para terminar o meu curso da maneira mais honrosa possível. Pela primeira vez vou deixar para trás aquela conversa que todo universitário tem consigo mesmo: “no próximo semestre eu vou melhorar, vou me esforçar mais”. Não posso mais me dar esse luxo. 
    Quando tudo terminar, vai ser barra ter que abandonar o setor II daquela universidade. Vamos ver no que é que vai dar essa história. 

    • Pela segunda vez na vida, rompi a barreira dos 60 kg: estou pesando 61.
    Acho que a minha altura é algo em torno de 1m72. Segundo tabelas específicas, para uma relação harmoniosa entre o meu peso e a minha envergadura, eu deveria ter no mínimo 67 kg. Até pouco tempo atrás eu só havia rompido a barreira dos 60 kg uma vez. Dessa vez vou tentar manter esses gramas excedentes, já que almejar chegar aos 67 não passaria de uma utopia. 

    • Banana com leite condensado, apesar de constituir-se numa mistura que inspira cuidados, é uma das melhores sobremesas que existem.
    Estou completamente viciado nessa mistura. Quem me conhece bem – e nem precisa de tanto – sabe que o meu ponto forte não é o apetite. Mas ultimamente, essa comida simples tem me proporcionado uns gramas a mais (talvez aqui esteja a explicação para o incrível acréscimo de massa que sofri). 
    Geralmente tenho ingerido a gororoba antes e depois do almoço, antes e depois do jantar e antes de dormir. Não é de se estranhar que o meu intestino tenha vivido um paradoxo sem precedentes. Ora, é sabido que qualquer derivado do leite, quando ingerido em excesso, provoca um amolecimento ou liquefação das nossas fezes. Já a banana, quando ingerida descontroladamente, tende a inspirar um endurecimento em nossos dejetos. 
    Nesse contexto, e desde que descobri os prazeres dessa original sobremesa, não ouso mais olhar para dentro do vaso ao término do meu processo de digestão. 

    ALGUMAS COISAS QUE QUERO COMPRAR HÁ MUITO TEMPO

    • Uma agenda para compensar o meu esquecimento; 
    • Um amplificador para baixo, novo; 
    • Um macacão jeans; 
    • Um tênis allstar verde; 
    • A discografia completa dos Beatles; 
    • Um discman que reproduza MP3; 
    • Um gravador de CD; 
    • O novo CD de Arnaldo Baptista; 
    • Ticket estudantil (sempre esqueço de ver quando os meus passes acabam e tenho que pagar a passagem com dinheiro); 
    • Um pacote turístico para a Itália; 
    • Cuecas novas (as minhas se desgastam numa velocidade incrível); 
    • Todos os episódios da sério Arquivo X em DVD; 
    • Uma camisa do ABC (será que ainda vende?); 
    • Um panelão daqueles que os homenzinhos usam para fazer batata frita na rua; 
    • 10 sacos de Doritos; 
    • 1 grade de bohemia; 
    • O CD do Gram; 
    • 1 bilhete da Mega Sena premiado 

    Acabei de abrir minha carteira e constatei que ela não abriga nada mais que algumas notas de R$1 e um monte de moedas. Em seguida, decidi tirar um extrato da minha conta. Resultado: de crédito só tenho um débito de R$ 200. 

    Portanto, já estou aceitando doações voluntárias. 
    Para doar R$5, mande um e-mail para: liper5@yahoo.com.br 
    Para doar R$10, mande um e-mail para: lipesz@yahoo.com.br 
    Para doar R$50, mande um e-mail para: bandaseuze@yahoo.com.br 
    Para doar qualquer valor acima de R$50, ligue diretamente para mim: você deve ser a coroa que eu tanto procuro para terminar de me criar. 

    EXERCÍCIO DA CIDADANIA: DE DOIS EM DOIS ANOS

    A cada dois anos, usufruindo a democracia da qual tanto nos vangloriamos, consolidamos a nossa cidadania através do exercício obrigatório do voto (a discussão sobre o caráter paradoxal da relação democracia x voto obrigatório, pode ser o assunto para um post futuro). 


    Tenho constatado que a cada eleição, a despolitização cresce consideravelmente. Assim não é difícil explicar o surgimento de indivíduos, que se dizem candidatos, com propostas no mínimo inusitadas. 

    Interessante mesmo é observar que através de tais propostas, do grotesco, esses indivíduos (cujo passado não importa, mesmo que inclua ligação e participação direta na consolidação de uma ditadura militar) acabam por tornar-se instrumento de protesto de classes que se dizem elite intectual e formadora de opinião. 

    Dessa maneira, vejo-me no dever de me expressar da melhor maneira possível enquanto cidadão. 
    Assim, a cada dois anos chega a hora do exercício da cidadania, que para mim consiste numa caminhada de cerca de 3 km, o suficiente para ir e voltar da minha casa até a zona eleitoral em que voto, a UnP da Nascimento de Castro. 

    O processo eleitoral para mim, portanto, é muito importante, pois, através do exercício da cidadania, estou me prevenindo de inúmeras doenças e proporcionando o aumento da minha espectatica de vida. 
    Estou certo que se o meu porte físico não fosse tão acanhado, eu conseguiria ir além.

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